França: Está difícil ter Governo

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Philippe Wojazer / EPA

O presidente francês, Emmanuel Macron

Findados os Jogos Olímpicos, seria expectável que o novo Governo francês ficasse a ser conhecido. Mas continua difícil – com o Presidente Emmanuel Macron a excluir um Governo “unicamente” da Nova Frente Popular (NFP).

Emmanuel Macron excluiu esta segunda-feira um governo “unicamente” da coligação de esquerda que vencer as eleições: a Nova Frente Popular.

A sua decisão foi justificada com a necessidade de “estabilidade institucional” do país.

“O Presidente da República constatou que um governo baseado unicamente no programa e nos partidos propostos pela aliança com mais deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado por todos os grupos representados na Assembleia Nacional”, anunciou o Eliseu em comunicado.

Na sequência de uma primeira série de consultas desde sexta-feira com os representantes dos partidos políticos, Macron adiantou ter decidido não optar por um governo apenas da NFP para manter a “estabilidade institucional” do país.

Macron exortou ainda os socialistas, os ecologistas e os comunistas a “cooperarem com as outras forças políticas”, sem nomear a França Insubmissa (LFI, esquerda radical), com quem formaram a aliança de esquerda NFP, elegendo o maior número de deputados nas eleições legislativas, longe de uma maioria absoluta na Assembleia Nacional.

“Os partidos políticos do governo não devem esquecer as circunstâncias excecionais da eleição dos seus deputados na segunda volta das eleições legislativas” de 7 de julho, afirmou Macron, apelando “a todos os líderes políticos para estarem à altura da ocasião, demonstrando um espírito de responsabilidade”.

Macron acusado de ser antidemocrático

O líder do LFI, Manuel Bompard, denunciou imediatamente “uma inaceitável tomada de poder antidemocrática” por parte de Macron, numa entrevista ao canal de televisão BFMTV.

“Se houver outra coligação possível que tenha maioria na Assembleia Nacional, o Presidente da República que nos diga qual”, afirmou o deputado, reiterando a ameaça de um eventual processo de destituição do chefe de Estado por “usurpar os poderes que lhe pertencem”.

Oposição tem receio do LFI

O LFI, enquanto maior força política da NFP, tem sido contestado por todos os partidos da oposição, que consideram que o seu programa pode destabilizar o país.

Além disso, o seu fundadpr Jean-Luc Mélenchon, que pode assumir um lugar de liderança no governo, é visto como uma figura muito divisiva.

NFP quer Lucie Castets para PM

Os líderes da NFP anunciaram esta segunda-feira, numa declaração conjunta, que só voltariam ao Eliseu para discutir um governo de coabitação com a candidata da aliança Lucie Castets como primeira-ministra.

“O Presidente da República deve agora agir e nomear Lucie Castets”, afirmam os representantes dos quatro partidos da aliança, três dias após a sua reunião com Macron, referindo que o Presidente francês continua a “procrastinar” na nomeação de um primeiro-ministro.

Na terça-feira, dia 27 de agosto, Macron vai lançar “uma nova ronda de consultas” para encontrar um primeiro-ministro, com os líderes dos partidos e “personalidades que se distinguem pela sua experiência ao serviço do Estado e da República”.

Apesar da primeira ronda de consultas não ter permitido encontrar um nome para substituir Gabriel Attal, primeiro-ministro ‘macronista’ demissionário, o Presidente francês garantiu que a sua “responsabilidade é fazer com que o país não fique bloqueado nem enfraquecido”.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. A Sr.ª Marine Le Pen e o Reagrupamento Nacional tiveram mais votos que a Nova Frente Popular, mas o sistema governativo da França permite à Nova Frente Popular assumir a governação, no entanto o liberal Macron não aceita um governo liderado pelos liberais da Nova Frente Popular.

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