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Fóssil com 120 milhões de anos tem um crânio de T. Rex num corpo de pássaro

(dr) Wang et al.

Um pequeno fóssil com 120 milhões de anos, descoberto no nordeste da China, não é nem uma ave nem um dinossauro.

Os paleontólogos descreveram uma nova ave, do grupo Enantiornithes (aves opostas). A espécie viveu na atual província de Liaoning, na China, durante a época do Cretáceo Primitivo, há cerca de 120 milhões de anos.

Segundo o Sci-News, a criatura tinha um crânio de 2 centímetros de comprimento, com uma mistura de características de dinossauros e de aves.

“Os Enantiornithes são o grupo mais diversificado de aves da época dos dinossauros no Cretáceo e foram encontrados em todo o mundo”, disse Min Wang, paleontólogo do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia Vertebrada e da Academia Chinesa de Ciências.

“Nas aves vivas, o osso quadrático é um dos ossos mais móveis do crânio e permite a característica única destas aves conhecida como ‘crânio cinético‘”, ou seja, o maxilar superior pode mover-se independentemente do cérebro e do maxilar inferior, explicou.

Em contraste, “o crânio desta nova ‘ave oposta’, assim como o dos dinossauros como o Tyrannosaurus rex, não é cinético. Em vez disso, os ossos estão ‘trancados’ e são incapazes de se mover“.

Esta ave tem dois arcos ósseos para a fixação dos músculos da mandíbula como os que são encontrados em répteis (lagartos, crocodilos e dinossauros), o que torna a parte posterior do crânio rígida e resistente ao movimento entre os ossos.

Os investigadores compararam as tomografias do crânio do pássaro com as tomografias do crânio do dromeossauro Linheraptor e descobriram que o osso pterigóide era “exatamente igual”.

“Em combinação com os ossos temporais ‘presos’, a diferença na estrutura do palato também aponta para a ausência de cinesia entre os ancestrais de pássaros”, acrescentou o paleontólogo Thomas Stidham, da Academia Chinesa de Ciências, citado pelo Science Alert.

Este movimento do crânio deve ter evoluído mais tarde, levando à grande diversidade de formas de crânio que podemos agora observar entre os pássaros modernos do grupo Coroa.

“Ter um crânio de ‘dinossauro’ no corpo de uma ave certamente não impediu que os Enantiornithes, ou outras aves precoces, fossem altamente bem sucedidos em lugares de todo o mundo por dezenas de milhões de anos durante o Cretáceo”, sublinhou Wang.

O artigo científico foi publicado no dia 23 de junho na Nature Communications.

Liliana Malainho, ZAP //

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