O fóssil de uma nova espécie (Yilingia spiciformis) pode representar a mais antiga evidência conhecida de um animal a mover-se na superfície da Terra.
Um dia, há 550 milhões de anos, um pequeno diplópode decidiu dar um passeio pelo fundo lamacento do oceano. De acordo com o Live Science, graças ao fóssil encontrado numa rocha no sul da China, este pode representar a mais antiga evidência de um animal a andar na superfície da Terra, provando por acaso que os animais são móveis desde pelo menos o período Ediacarano (há 635 a 539 milhões de anos).
Os autores do estudo, publicado esta quinta-feira na revista Nature, apelidaram esta nova espécie de Yilingia spiciformis. A criatura tinha um corpo longo e fino, medindo até dez centímetros de comprimento e três centímetros de largura, composto por cerca de 50 segmentos simétricos.
A Y. spiciformis habitava o fundo do oceano, onde arrastava o seu corpo pegajoso, deixando trilhas com 58 centímetros de comprimento. Os investigadores suspeitam que esteja relacionado com os artrópodes (invertebrados minúsculos que incluem crustáceos e diplópodes) ou anelídeos (vermes segmentados).
Significativamente, o animal mostra uma simetria bilateral, o que significa que os lados esquerdo e direito do corpo são idênticos, assim como os seres humanos e a maioria dos outros animais.
De acordo com os cientistas, esta pode ser uma característica inerente a todos os animais que evoluíram para se deslocarem pela superfície da Terra, o que poderia tornar os “pequenos passos” deste verme num grande salto para os animais.
“A mobilidade deu aos animais a possibilidade de deixarem uma pegada inconfundível na Terra, literal e metaforicamente”, disse o coautor do estudo Shuhai Xiao, professor de geociências da Virginia Tech College of Science. “Os animais [bilaterais] e, em particular, os seres humanos são motores e agitadores da Terra. A sua capacidade de moldar a face do planeta está finalmente ligada à origem da motilidade animal”.