Os tardígrados são quase indestrutíveis e esse super poder pode tê-los ajudado a enfrentar a extinção em massa mais mortal da história da Terra. Este novo estudo é o primeiro a estimar quando é que evoluiu esta capacidade dos ursos de água.
Os tardígrados conseguem suportar calor, frio, pressão e radiação extremos. Estes animais microscópicos sobrevivem a ambientes hostis graças a um processo chamado criptobiose, no qual expelem a maior parte da água do corpo e entram num estado metabólico suspenso.
Segundo o Scientific American, duas linhas principais de tardígrados possuem esta impressionante capacidade.
Conhecidos, existem apenas quatro fósseis de tardígrados, sendo que todos eles estão preservados em âmbar.
Dois encontram-se no interior de uma pedra, encontrada no Canadá na década de 1940 e data de 84 milhões a 71 milhões de anos atrás. Um desses tardígrados pertence à espécie Beorn leggi, descrita em 1963.
Neste novo estudo, Marc Mapalo, da Universidade de Harvard, e a sua equipa usaram microscopia de alto contraste para descobrir detalhes inéditos nas garras de ambos os espécimes, “características taxonómicas muito importantes em tardígrados”.
A análise permitiu descobrir que o tardígrado mais pequeno pertencia a um género e espécie ainda desconhecida: Aerobius dactylus.
Aproveitando a investigação, os cientistas fizeram uma revisão à descrição e classificação de Beorn leggi com base nas articulações das garras e colocaram ambas as espécies na mesma superfamília de tardígrados Hypsibioidea.
Este rearranjo, com B. leggi a ser formalmente transferida para a família Hypsibiidae, colocou o tardígrado mais pequeno na mesma linha principal (a classe Eutardigrada) que o maior.
O resultado final da árvore genealógica dos tardígrados permitiu aos investigadores calcular quando é que as duas linhas divergiram – colocando uma data mais recente na provável aquisição da criptobiose.
O estudo sugere, assim, que a criptobiose surgiu nos tardígrados durante o período Carbonífero (359 milhões a 299 milhões de anos atrás), antecedendo um evento mortal conhecido como extinção do Permiano, ou a “Grande Morte”, que ocorreu há cerca de 252 milhões de anos.
Os autores sugerem que a criptobiose pode ter ajudado estes animais a sobreviver ao evento, que eliminou 96% da vida marinha e 70% da vida na terra.
O artigo científico foi publicado, este na Nature Communications Biology.