O Ministério Público suspeita que os 6 milhões de dólares que Mexia tinha numa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas estão relacionados com a construtora Odebrecht, envolvida no processo Lava-Jato no Brasil.
O caso EDP, que parecia estar encaminhado para o arquivamento, ganhou novo fôlego com a revelação de que António Mexia, antigo presidente da empresa, manteve durante anos uma sociedade offshore com 6 milhões de dólares (aproximadamente 5,3 milhões de euros).
O Ministério Público (MP) vai investigar a origem desse montante no âmbito de um inquérito separado, relacionado com suspeitas de corrupção na construção da barragem do Baixo Sabor, avança o Correio da Manhã.
Em dezembro do ano passado, o MP dividiu o processo EDP em quatro partes: uma dedicada aos CMECs (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), onde Mexia e José Manso Neto são arguidos; outra para investigar a contratação do filho de Manuel Pinho pela consultora Roland Berger; uma terceira focada na contratação do pai do ex-secretário de Estado Artur Trindade pela EDP; e, finalmente, o caso da barragem do Baixo Sabor.
É neste último que se investigará a sociedade “Miamex Ventures”, onde Mexia acumulou os 6 milhões de dólares, levantando suspeitas de possíveis ligações a práticas corruptas, especialmente com a construtora Odebrecht, envolvida no processo Lava-Jato no Brasil e responsável pela barragem.
A investigação sobre a identidade do misterioso “Príncipe”, alegadamente associado a pagamentos paralelos pela Odebrecht, tem sido um ponto central. As suspeitas inicialmente recaíram sobre Manuel Pinho, antigo ministro da Economia, mas não houve conclusões sólidas. Entretanto, a defesa de Mexia e Manso Neto conseguiu uma vitória no Supremo Tribunal de Justiça, que declarou nula a apreensão de emails pelo MP, o que pode impactar significativamente o processo.
Além deste desenvolvimento, Manuel Pinho foi condenado a 10 anos de prisão, e Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, a seis anos, ambos por corrupção, num processo derivado do caso EDP.
O caso EDP, que teve início em 2012, continua a ser investigado, com o MP a insistir que a empresa foi favorecida através da conversão dos CAE em CMECs e pela extensão da concessão das barragens. Contudo, tanto a EDP quanto os arguidos continuam a negar qualquer irregularidade.