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Em 2020, as forças de Nicolás Maduro assassinaram quase 3.000 pessoas em “falsos confrontos”

(h) Miraflores Press / EPA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

A denúncia é feita pela ONG Provea, que investiga casos de violência policial na Venezuela. O relatório indica que as autoridades “agem com total liberdade, por terem a certeza de que a sua conduta não será investigada”.

Em 2020, as forças policiais e militares da Venezuela terão assassinado, pelo menos, 2.853 pessoas.

A denúncia é feita pela ONG Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos, que analisa e divulga dados sobre a violência policial no país e se foca nas “execuções extrajudiciais”, ou seja, todas aquelas em que as autoridades “fazem justiça pelas próprias mãos”.

Num relatório citado pelo El Español, a ONG diz que a Policía Nacional Bolivariana (PNB) é a responsável pelo maior número de mortes (672, o que representa 23,55% do total). A PNB inclui as Fuerzas de Acciones Especiales (FAES), cuja extinção já tinha sido pedida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Por sua vez, o Cuerpo de Investigaciones Científicas Penales y Criminalísticas (CICPC) terá também assassinado 593 pessoas (17,52% do total). Entre as forças policiais responsáveis pelas mortes denunciadas pela ONG estão ainda as polícias autónomas de cada Estado, que terão sido, ao todo, responsáveis por 721 execuções.

A Provea realça a existência de “falsos confrontos”, que descreve como “uma encenação da cena do crime, onde as autoridades apresentam os factos como se as vítimas tivessem usado armas contra polícias e militares”.

Neste sentido, o documento indica que as autoridades “agem com total liberdade, por terem a certeza de que a sua conduta não será investigada nem punida e porque contam com o apoio de governadores, ministros e outras altas figuras da gestão pública”, frisa.

De acordo com a ONG, estas situações são mais comuns nos bairros pobres da Venezuela, sendo que “a maioria das vítimas” foram jovens entre os 18 e os 30 anos, “o que indica um padrão de discriminação que coloca em risco a vida dos jovens”.

Esse “padrão”, aliado à “exclusão” destas faixas etárias de “direitos como educação e trabalho”, são responsáveis pela “crescente migração forçada de jovens à procura de proteção noutros Estados“.

Os dados mostram ainda que nem mesmo o confinamento, devido à pandemia de covid-19, “fez diminuir as ações da polícia e das forças militares”.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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