Os cientistas fizeram uma lista de “ingredientes” para ajudar as empresas de exploração de recursos a localizar enormes reservatórios de hidrogénio limpo. Uma fonte oculta de energia limpa poderia alimentar a Terra durante 170.000 anos.
Um mapa divulgado em janeiro sugere que os reservatórios de hidrogénio estão enterrados nas regiões mais inesperadas do mundo, incluindo em, pelo menos, 30 estados dos EUA.
Encontrar esses reservatórios escondidos poderia ajudar a acelerar a transição energética global – por isso, os cientistas querem ‘ir atrás’ deles.
Um novo estudo, publicado esta terça-feira na Nature Reviews Earth and Environment, diz ter os “ingredientes” para localizar enormes reservatórios de hidrogénio limpo.
De acordo com os autores, a crosta terrestre produziu hidrogénio suficiente nos últimos mil milhões de anos para satisfazer as nossas necessidades energéticas durante 170.000 anos. O que ainda não é claro é a quantidade de hidrogénio que pode ser acedida e extraída de forma rentável.
Os reservatórios naturais de hidrogénio requerem três elementos-chave para se formarem: uma fonte de hidrogénio, rochas reservatório e selos naturais que prendem o gás no subsolo.
Dentro desses elementos, há vários ingredientes.
Com base no conhecimento de como outros gases são libertados das rochas subterrâneas, os autores da revisão sugerem que o stress tectónico e o elevado fluxo de calor podem libertar hidrogénio nas profundezas da crosta terrestre.
“Isto ajuda a trazer o hidrogénio para perto da superfície, onde se pode acumular e formar um recurso comercial”, explicou, à Live Science, Chris Ballentine, professor de geoquímica da Universidade de Oxford e líder da investigação.
No interior da crosta, uma vasta gama de contextos geológicos comuns também pode revelar-se promissora para as empresas de exploração – que vão desde complexos ofiolíticos a grandes províncias ígneas e cinturas de rochas verdes arqueanas.
Os ofiolitos são pedaços da crosta terrestre e do manto superior que outrora se encontravam sob o oceano, mas que mais tarde foram empurrados para terra.
A investigação faz ainda outros alertas sobre os principais ingredientes que as empresas devem considerar ao desenvolverem as suas estratégias de exploração, incluindo os processos através dos quais o hidrogénio pode migrar ou ser destruído no subsolo.
“Sabemos, por exemplo, que os micróbios subterrâneos se alimentam facilmente de hidrogénio”, afirmou a coautora Barbara Sherwood Lollar, professora de Ciências da Terra na Universidade de Toronto, em comunicado.
Por esse motivo, “os ambientes onde as bactérias podem entrar em contacto com as rochas produtoras de hidrogénio podem não ser bons locais para procurar reservatórios”.
Mas a grande conclusão e um reforço do que já se sabia – disse Ballentine – é que a “crosta terrestre produz muito hidrogénio”.
“Agora é uma questão de seguir a lista de ingredientes para o encontrar”, remata.