Foi encontrada a molécula que mata o medo

Mart Production / Pexels

Um novo estudo, liderado pela Universidade de Coimbra, identificou uma molécula envolvida na extinção do medo, com potencial para desenvolver terapias para a ansiedade.

Uma equipa de investigadores liderada pela Universidade de Coimbra (UC) identificou um novo mediador responsável pela alteração das memórias de medo.

Os autores do estudo, recentemente publicado na Molecular Psychiatry,  acreditam que esta descoberta pode contribuir para criar novas terapias mais eficazes para o tratamento de perturbações de ansiedade.

Estas patologias são marcadas por um medo exagerado ou inapropriado e por um défice na extinção do medo, sendo uma das condições de saúde mais prevalentes a nível mundial, agravada pela pandemia.

No decorrer do estudo, os cientistas recorreram a um modelo comportamental de extinção do medo, tendo conseguido identificar “um aumento da ativação da proteína TrkC na amígdala, a região cerebral que controla a resposta do medo, na fase da formação da memória de extinção de medo”.

“isto leva a um aumento da plasticidade sináptica — a capacidade dos neurónios alterarem a forma como comunicam entre si em função dos estímulos que recebem”, explica Mónica Santos,  investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB), e corresponding author do estudo.

Atualmente, uma das opções terapêuticas para as perturbações de ansiedade são as terapias de exposição, que se baseiam no mecanismo de extinção do medo.

No entanto, “as terapias de exposição, bem como o uso de fármacos, como ansiolíticos e antidepressivos, não são 100% eficazes no tratamento destes problemas de saúde e, por isso, esta investigação abre novas opções terapêuticas para esta categoria de perturbações”, avança Mónica Santos.

“Este estudo valida a via TrkC como um potencial alvo terapêutico para indivíduos com doenças relacionadas com o medo, e revela que a combinação de terapias de exposição com fármacos que potenciam a plasticidade sináptica pode representar uma forma mais eficaz e duradoura para o tratamento de perturbações de ansiedade”, acrescenta a também líder da investigação.

Quanto aos próximos passos, a equipa de investigação pretende “identificar compostos que tenham a capacidade de ativar de forma específica a molécula TrkC e, assim, serem usados como fármacos aliados à terapia de exposição no tratamento de doentes com perturbações de ansiedade”, revela a investigadora.

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