A Finlândia pode apresentar uma candidatura ainda antes da próxima cimeira de NATO, em Junho. Na Suécia, a população e os partidos estão mais divididos e o tema deve marcar a campanha das legislativas de Setembro.
A guerra na Ucrânia parece ter dado o empurrão final para a Finlândia e a Suécia aderirem à NATO, um cenário que parece cada vez mais provável.
Na quarta-feira, a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, afirmou que a decisão não demorará meses e será conhecida já nas próximas semanas, escreve o The Guardian.
Numa conferência de imprensa conjunta com Magdalena Andersson, primeira-ministra sueca, Marin afirmou ainda que “tudo mudou” com a invasão na Ucrânia e que a Finlândia está “preparada para todo o tipo de respostas” de Moscovo, sublinhando que apenas o artigo 5 do acordo — que refere que um ataque a um membro da NATO é um ataque a todos os outros países da aliança — garante a defesa total.
Recorde-se que a Rússia já ameaçou retaliar caso os dois países decidam juntar-se à aliança atlântica. O porta-voz do Kremlin, Dmirty Peskov, afirmou que a Rússia teria de “reequilibrar a situação” caso os estados nórdicos decidam entrar na NATO.
Já a responsável sueca acredita que não faz sentido adiar a decisão, falando também num “antes e depois” de 24 de Fevereiro, data do início da guerra. “Temos de analisar a situação para vermos o que é melhor para a segurança da Suécia e para o povo sueco nesta nova situação”, ressalva.
Recentemente, uma sondagem mostrou que 68% dos finlandeses defendem a adesão à NATO, um valor que mais do que duplicou desde o início do conflito na Ucrânia, e apenas 12% dos inquiridos são contra a ideia. Na Suécia, as sondagens são mais próximas, mas uma pequena maioria também defende à adesão.
Ambos os países são historicamente neutros e são países não-alinhados a nível militar. A posição de neutralidade total foi abandonada em 1995, quando se juntaram à União Europeia, e desde então que são parceiros da NATO, permitindo que as forças façam exercícios militares no seu território e trocando informações recolhidas pelas agências de inteligência.
A questão da NATO está a marcar a agenda política interna dos dois países e espera-se que o tema seja decisivo nas eleições legislativas suecas, que estão marcadas para 11 de Setembro. Espera-se também a conclusão de uma análise à política de segurança sueca antes do fim de Maio e Andersson já adiantou que está à espera dos seus resultados antes de tomar uma decisão.
Na Finlândia, a adesão parece ser um destino mais certo e mais rápido, também devido ao maior apoio da população à decisão, e espera-se que Helsínquia apresente uma candidatura ainda antes da cimeira da NATO em Madrid, marcada para Junho.
Já ambos os países receberam garantias de que as suas candidaturas seriam bem-recebidas. Para um país poder entrar na NATO, todos os 30 membros têm que aprovar a adesão e o processo pode demorar entre quatro meses e um ano.