Um enorme estudo realizado pela Universidade Tufts, nos EUA, não encontrou qualquer ligação entre o consumo de manteiga e doenças cardiovasculares. A demonização da manteiga já pode terminar.
Desde a década de 1970 que a orientação médica é no sentido de não se comerem alimentos com muitas gorduras saturadas, a pretexto de que contribuem para problemas no coração.
Uma equipa de investigadores norte-americanos descobriu, porém, que as gorduras saturadas não são tão terríveis como se imaginava – pelo menos para o coração.
O meta-estudo, publicado esta quinta-feira na PLOS One, analisou mais de 600 mil trabalhos em 15 países, envolvendo 6,5 milhões de pessoas que estiveram anos em acompanhamento.
E a conclusão é que não há relação entre o consumo de manteiga e as doenças cardíacas.
Os investigadores, na verdade, ficaram surpreendidos com uma das descobertas do estudo.
A equipa observou que o consumo moderado de manteiga provocou na realidade uma redução – sim, leu bem – na probabilidade de desenvolvimento de diabetes.
Com efeito, uma dieta com consumo de uma colher de sopa de manteiga por dia mostrou surpreendentemente uma redução de 4% no risco de diabetes.
A má notícia é que os investigadores também concluíram que esta dieta está porém associada a um aumento em 1% do risco de mortalidade geral, ou seja, todas as mortes, independentemente da causa.
Mas os cientistas suspeitam que essa ligação aconteça por outros factores: quem consome manteiga tem normalmente hábitos alimentares e estilos de vida piores.
Manteiga vs Margarina
Os resultados do estudo querem dizer que a manteiga está totalmente ilibada e pode ser consumida a torto e a direito?
Claro que não.
O estudo apenas provou que não é o consumo moderado do alimento que provoca doenças cardiovasculares – o que não quer dizer que a manteiga seja considerada saudável.
Outro factor que torna a manteiga problemática é o facto de ser normalmente consumida com produtos que também não são saudáveis, como pão branco, croissants, pão de queijo, waffles e outros alimentos ricos em açúcar e farinha refinada.
A manteiga continua a ser considerada pior que a margarina sem gordura trans e óleos de cozinha como de soja e canola.
Mas o melhor que podemos mesmo usar para barrar o pão ainda é o azeite, que é rico em ácidos gordos monoinsaturados, que ajudam a aumentar o HDL e diminuir o LDL.
“Os nossos resultados sugerem que a manteiga nem deve ser demonizada, nem considerada “alimento saudável”, diz Dariush Mozaffarian, autor principal do estudo.
Os investigadores querem agora descobrir por que foi observada uma diminuição de 4% no risco de diabetes em quem consome manteiga.
Para já, uma das hipóteses avançadas é que tal ocorra com o consumo de lacticínios em geral, e não apenas manteiga.
ZAP / HypeScience