Um novo estudo revelou que as visitas de doutores palhaços podem reduzir o tempo que as crianças passam no hospital. Estaremos perante uma solução para um dos problemas das pediatrias em Portugal?
As crianças e adolescentes com pneumonia parecem passar menos tempo no hospital, se forem visitados por doutores palhaços.
A revelação foi feita na apresentação de um novo estudo, divulgado no European Respiratory Society Congress 2024, que decorre de 7 a 11 de setembro em Viena (Áustria).
A investigação sugere que visitas de palhaços a crianças reduzem o ritmo cardíaco e promovem a independência, ajudando as crianças a lidar melhor com o tratamento.
Como detalha a New Scientist, a pesquisa incidiu 51 crianças e adolescentes, entre os 2 e os 18 anos, hospitalizados com pneumonia.
Os participantes foram divididos em dois grupos: 26 receberam visitas de palhaços médicos durante 15 minutos, duas vezes por dia, enquanto os restantes 25 não tiveram estas visitas.
Os palhaços distraíram as crianças com música, jogos e – crucialmente – incentivaram-nas a comer e a beber sozinhas, em vez de recorrerem à alimentação intravenosa.
Os resultados mostraram que o grupo que recebeu visitas dos palhaços ficou, em média, 44 horas no hospital, comparado com as 70 horas do grupo que não teve visitas.
A alta hospitalar foi decidida pelos médicos com base na melhoria da respiração, do ritmo cardíaco e na capacidade de se alimentarem sozinhos, permitindo-lhes tomar antibióticos em casa.
Em casa, “graças a palhaços”
De acordo com os investigadores, as brincadeiras com os palhaços terão ajudado as crianças na recuperação, reduzindo a tensão arterial e melhorando o bem-estar, humor e níveis de energia.
“Brincar pode melhorar a sensação de bem-estar dos jovens, o seu humor, os seus níveis de energia e a sensação de confiança e capacidade no seu corpo”, explicou à New Scientist, Kelsey Graber, da Universidade de Cambridge.
O estudo aponta para a importância da interação lúdica no tratamento hospitalar, reforçando o impacto positivo das terapias complementares na recuperação de crianças hospitalizadas.
No entanto, para se confirmar esta tese, os testes devem ser replicados em grupos maiores e em hospitais diferentes.
Doutores palhaços em Portugal
Em Portugal, os “Doutores Palhaços” / “Operação Nariz Vermelho” são há algum tempo uma presença habitual nos hospitais infantis, mas essa presença não é obrigatória por lei.
A organização foi fundada em 2002 por Beatriz Quintella, mais conhecida como a “Dra. da Graça”. Nascida no Rio de Janeiro, viveu duas décadas em Portugal, antes de falecer, em 2013, com 50 anos.
A instituição procura assegurar de forma contínua um programa de intervenção dentro dos serviços pediátricos dos hospitais portugueses, através da visita de palhaços profissionais.
Os artistas têm formação especializada no meio hospitalar e trabalham em estreita colaboração com os profissionais de saúde. Os cerca de 35 Doutores Palhaços receitam alegria, contabilizando cerca de 47 mil visitas por ano às crianças hospitalizadas
Já a Palhaços d’Opital, fundada a 12 de fevereiro de 2013, foi pioneira na Europa a levar o trabalho e missão dos palhaços nos hospitais com foco nos idosos, fazendo visitas semanais e regulares a 8 hospitais parceiros.
A equipa Palhaços d’Opital é composta por oito artistas profissionais, incluindo atores, clowns e músicos.