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Fátima deverá ser a primeira excepção ao Estado de Calamidade (mas sem peregrinos)

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Paulo Cunha / Lusa

As cerimónias religiosas de Nossa Senhora de Fátima, habitualmente realizadas a 13 de Maio no Santuário, deverá ocorrer apenas no interior da Basílica, sem peregrinos e sem celebrações ao ar livre, com regras de distanciamento social. O Governo deverá abrir a primeira excepção ao Estado de Calamidade.

A Igreja Católica tinha “decidido cancelar celebrações comunitárias, peregrinações e cerimónias”, mas o primeiro-ministro intercedeu para que houvesse, ao menos, cerimónias religiosas do 13 de Maio em Fátima, embora com restrições, apurou o Público junto de fonte do Governo.

António Costa tem mantido contactos com a Igreja nesse sentido e tudo indica que o “Governo vai abrir a primeira excepção ao estado de calamidade” para permitir que haja uma celebração na Basílica de Fátima, a 13 de Maio, segundo apurou o Público.

O jornal garante que a celebração deverá ocorrer “dentro da Basílica, com a participação de eclesiásticos e fiéis, respeitando as normas de distanciamento social, mas sem peregrinos nem cerimónias ao ar livre”.

O Santuário de Fátima foi “apanhado de surpresa pelas declarações” da ministra da Saúde, Marta Temido, que, em entrevista à SIC, deu a entender que poderia haver celebrações em Fátima com a presença de peregrinos.

“Se essa for a opção de quem organiza as celebrações, de organizar uma celebração do 13 de Maio onde possam estar várias pessoas, desde que sejam respeitadas as regras sanitárias, isso é uma possibilidade“, apontou a ministra.

Depois disso, o Santuário de Fátima assumiu que a cerimónia se realizará “com o recinto fechado, sem a habitual participação de peregrinos“, frisando que é uma “opção dolorosa”, mas necessária.

Os moldes da cerimónia simbólica do 13 de Maio estão, agora, a ser ultimados entre a Igreja Católica e o Governo, como avança o Público. O secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Tiago Antunes, tem representado Costa nas conversações.

Para permitir as celebrações religiosas, mesmo sem peregrinos, o Governo terá que accionar uma autorização de excepção para permitir eventos com mais de dez pessoas, uma vez que está em vigor o Estado de Calamidade.

A autorização das comemorações do 1.º de Maio foi possível graças ao decreto presidencial do terceiro Estado de Emergência que foi assinado por Marcelo Rebelo de Sousa e que já previa essa possível excepção.

Regresso das missas só a 30 de Maio

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou, entretanto, que as missas com fiéis voltam apenas no fim-de-semana de 30 e 31 de Maio. Num comunicado, a CEP frisou ainda que os enterros devem ser celebrados “no templo (com celebração da Palavra ou da Eucaristia) e/ou no cemitério com a presença dos familiares, tendo em conta as normas de segurança que impeçam a transmissão do coronavírus”.

“Já os sacramentos que implicam unção, como é o caso do crisma, ficam adiados para o próximo ano pastoral”, frisa a CEP.

“As catequeses e outras acções formativas continuarão a ser realizadas apenas por meios telemáticos até ao final deste ano pastoral” e as “procissões, festas, concentrações religiosas, acampamentos e outras actividades similares passíveis de forte propagação da epidemia ficarão adiados para o próximo ano pastoral”, aponta ainda a CEP.

ZAP //

10 Comments

      • O comentário não era uma pretensa correção ao ZAP mas antes um reparo à conduta do governo. Mas tem razão, o primeiro de maio foi uma “exceção” ao Estado de Emergência e não ao Estado de Calamidade. O que, a meu ver, é muito mais grave ainda.
        Quanto ao comentário do ZAP apenas aproveito para corrigir que os meses escrevem-se atualmente com minúsculas.

      • E alguém disse que era?

        e “Regresso das missas só a 30 de Maio”
        e “Os moldes da cerimónia simbólica do 13 de Maio”
        e “As cerimónias religiosas de Nossa Senhora de Fátima, habitualmente realizadas a 13 de Maio no Santuário”
        e “ao menos, cerimónias religiosas do 13 de Maio em Fátima, ”

        e sempre que se referem ao mês de maio… também não são datas?

      • Caro leitor,
        Conforme deve ter tido oportunidade de ler na caixa de comentários que acabou de usar, o ZAP é redigido na grafia AO ou pré-AO consoante a preferência do autor de cada artigo – desde que seja mantida a coerência da grafia escolhida em toda a peça. A maior parte dos jornalistas do ZAP, mas não todos, usa a grafia AO.
        Se tiver oportunidade de atentar à grafia deste artigo, expressa por exemplo no termo “excepção”, reparará que o autor usou de forma coerente a grafia pré-AO.
        E agora, se não se importa, vamos fazer por manter a nossa promessa de não deixar que se discuta nestes comentários a escolha de grafia dos autores ou leitores, e dar por encerrada esta discussão.

  1. Celebrações religiosas não públicas, sem aglomeração de pessoas, com o mínimo de fiéis para garantir os ministérios na celebração (leituras, canto, serviço de altar) nunca estiveram proibidas, nem no estado de emergência, e sempre foram transmitidas por meios telemátios, televisão estatal inclusive (RTP). Por isso continuam a não estar proibidas e a não constituir excepção, uma vez que a resolução do Conselho de Ministros que regulamenta os estado de calamidade marca para 30-31 de maio a retoma das celebrações religiosas que estavam impedidas. Só haverá excepção se o número de fiéis dentro da basílica, no respeito pela regras sanitárias, exceder o mínimo de ministros necessários para a celebração ou se esta for pública, com porta aberta.

  2. Mais uma vez O Público faz uma vergonhosa acção de apoio ao Governo.

    Pois se a Igreja encerou os templos e os cultos, ainda antes do confinamento decretado pelo Governo, como é que ia querer manter os tradicionais festejos do 13 de Maio?

    A ministra espalha-se ao comprido e admite algo que contrariaria a lei, mas agora há que tentar não so lavar a face mas ainda saír da situação como se fossem merecedores de elogios.

    Com noticias como esta percebe-se bem para que servem os apoios à Comunicação Social reclamados por Marcelo e os 15 milhoes ja anunciados por António Costa.

    Compram-se silêncios e votos. Uma calamidade ainda maior que a do Covid

  3. O que a mim me parece é que o governo está muito interessado em empurrar a Igreja Católica para um acordo que acabará por pôr água benta por cima do caso 1º de Maio como quem pretende estar a bem com todos, mas na prática contra a segurança de todos, a nós exige-nos e com determinadas forças é frágil e submisso.

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