Fármaco dado na primeira hora reduz risco de morte por insuficiência cardíaca

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) demonstraram que um fármaco usado para a insuficiência cardíaca pode reduzir o risco de morte e re-hospitalização se for administrado na primeira hora de admissão no serviço de urgência.

O estudo, publicado em abril no European Journal of Emergency Medicine, conclui que a administração da furosemida durante a primeira hora “reduz o risco de novas hospitalizações por insuficiência cardíaca ou morte por causa cardiovascular a 30 dias”.

Este fármaco é um diurético prescrito para o alívio dos sistemas provocado pela insuficiência cardíaca.

A insuficiência cardíaca é uma das principais causas de internamento não planeado em pacientes com mais de 65 anos, estando associada a “desfechos adversos” nesta população, refere esta quinta-feira, em comunicado, a FMUP.

Em declarações à agência Lusa, o investigador e médico Pedro Marques esclareceu que foi realizada uma “análise retrospectiva” recorrendo a uma base de dados do hospital de São João.

Dos 493 pacientes com insuficiência cardíaca aguda que foram admitidos no serviço de urgência, 43% receberam o diurético na primeira hora por terem “maior prioridade de avaliação”, de acordo com o sistema de triagem de Manchester.

“Os doentes que tomaram o fármaco logo na primeira hora apresentaram sintomatologia mais exuberante“, referiu Pedro Marques. Neste grupo de doentes, a admissão da furosemida mostrou resultados “promissores”.

A administração precoce deste fármaco melhora o prognóstico dos pacientes, “reduzindo o risco de re-hospitalização e a mortalidade a 30 dias”, acrescentou o investigador..

Os investigadores constataram que o grupo de doentes que recebeu o diurético mais tarde apresentava “características de maior gravidade e pior prognóstico a curto prazo”.

“O sistema deveria ser capaz de identificar os doentes mais graves. Este estudo adiciona mais uma evidência, ao mostrar a diferença de triagem dos doentes mais graves serem esquecidos“, acrescentou o investigador.

Para Pedro Marques, uma das formas de se evitar que casos mais graves não sejam prontamente identificados pelo sistema atualmente utilizado nas urgências passa pela criação de “vias verdes para os doentes com insuficiência cardíaca aguda“.

“Ao identificarmos prontamente estes casos e administrarmos o diurético o mais cedo possível, podemos, potencialmente, beneficiar os doentes que se apresentem com quadros de insuficiência cardíaca aguda”, afirma Pedro Marques.

// Lusa

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