Repetição de ciclos de forma inconsciente, avisa psicólogo. Família Musk é o exemplo mediático mais recente, neste contexto.
Xavier Alexander Musk pediu para mudar o seu nome para Vivian Jenna Wilson.
Seria mais uma alteração de nome oficial, como há milhões no mundo, mas a filha de Elon Musk, além de querer deixar o sexo masculino também no seu nome, quer igualmente apagar o apelido Musk, para deixar de estar associada ao seu pai.
“Já não vivo nem desejo estar relacionada com o meu pai biológico de forma alguma”, escreveu a jovem, ao pedir a mudança de nome num tribunal em Los Angeles, nos Estados Unidos da América.
Um afastamento que estará relacionado com o facto de o seu pai, Elon Musk, apoiar o Partido Republicano nos EUA – que defende leis para limitar os direitos das pessoas que mudam de sexo.
Este é o exemplo mediático mais recente de algo que é óbvio: o comportamento de cada pessoa é, muitas vezes, influenciado pelo seu contexto familiar.
“Nós repetimos ciclos de forma inconsciente”, começou por lembrar o psicólogo Romanni Souza, numa análise geral.
Especificamente sobre este caso, Romanni recordou que, enquanto cresceu, o próprio Elon Musk “chorava enquanto via o seu pai a espancar a sua mãe“.
“Elon tentava impedir o pai de lhe bater, sem a menor hipótese. Ainda nem tinha cinco anos”, lembrou o pós-graduado em Neurociência. A violência continuou até ao divórcio.
Elon Musk já não tinha relação próxima com o seu pai mas distanciou-se ainda mais quando soube, anos depois, que o seu pai teve outro filho com uma enteada 42 anos mais nova do que ele.
E aí surge a repetição inconsciente dos ciclos: Elon Musk focou-se na ambição, em ser ambicioso, muito por causa de ter crescido sob um regime rígido imposto pelo pai.
“Provavelmente, Elon Musk quis mostrar ao seu pai (rico) que também poderia ser poderoso. Mas não resolvia o que lhe estava a acontecer por dentro“, descreveu, lembrando que, agora, é Elon que tem problemas com a filha – já depois de se ter divorciado.
Elon foi rejeitado pelo pai e agora é rejeitado pela filha.
“Quantas vezes já pensámos que nunca iríamos ter um comportamento igual ao dos nossos pais, mas depois, quando nos damos conta, estamos a repetir determinados comportamentos e a repetir algum ciclo de maneira inconsciente?”, questionou Romanni Souza, que admitiu que esse “espelho” surge de forma inconsciente.
No entanto, um alerta: “Não podemos desconsiderar, também, o quanto os nossos pais procuram dar o melhor de si, de acordo com o que eles receberam. Às vezes, dão-nos muito mais do que receberam”.
“Mesmo assim, sem nos apercebermos, passamos a vida a culpar os nossos pais. Dizemos que não fizeram o que esperávamos, ou que deveriam ter feito de outra forma, sem perceber que alguns desses padrões acabam por ser transmitidos para os filhos nesse loop, até que a pessoa de facto se conheça melhor”, analisou o psicólogo, fundador da maior plataforma de hipnoterapia do mundo.
O filho de Elon Musk… até mudar de sexo continua a ser filho e não “filha” (embora nunca se mude verdadeiramente)