Falta carvão na China – e isso mexe com todos

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Indonésia proibiu a exportação de carvão, o que faz (muita) diferença na China. Promessas chinesas podem agora ser adiadas.

O governo da Indonésia anunciou uma medida para tentar melhorar a economia nacional e sector da energia a nível nacional. Mas esta medida não interfere somente com a Indonésia, vai para além do território local. Muito mais.

O anúncio foi feito no dia 1 de Janeiro deste ano: acabaram as exportações de carvão. Pelo menos, temporariamente. Ficou suspensa a exportação de carvão, por causa da escassez a nível interno, por receios de quebras de energia em larga escala (embora uma semana depois se tenham abertas excepções parciais).

E isso mexe com o quê?

Não muito longe da Indonésia fica a China, o país que produz mais carvão no planeta, que consome mais, e também que importa mais carvão. E mais de metade do carvão que os chineses importam vem (vinha) da Indonésia.

Agora a segunda maior economia do mundo está em apuros, sublinha a revista Time, que lembra que desde 2020 a China também quase não recebe carvão proveniente da Austrália, após as conhecidas divergências diplomáticas entre os dois países.

E agora, sem menos carvão, o consumo de energia deverá ser alterado. As promessas da China de alcançar a neutralidade em carbono até 2060 podem ser adiadas – foi o presidente Xi Jinping que anunciou esta intenção, em Abril do ano passado. E também ficou a promessa de reduzir a utilização do carvão a partir de 2026. Mas esse cenário pode estar a mudar, já.

A China tem receios em relação à segurança, incluindo a segurança energética, e por isso vai hesitar no momento de assumir compromissos em relação ao clima, avisou Kevin Tu, do Centro de Energia Global da Universidade de Columbia.

Ou seja, o combate às alterações climáticas pode ter um “travão” considerável por causa deste anúncio na Indonésia.

A China deverá aumentar a quantidade de carvão que extrai dentro do seu território – tem a quarta maior reserva de carvão do mundo e produziu 4,2 mil milhões de toneladas em 2020.

A produção doméstica vai crescer. Aliás, já cresceu no final de 2021, como consequência de apagões e encerramento de muitas fábricas.

“As autoridades chinesas vão certamente repetir os argumentos de que estão a zelar pela segurança energética nacional e pela auto-suficiência“, alertou o analista Ryan Driskell Tate.

A nível mundial, a produção global de energia a partir do carvão subiu 9 por cento no ano passado. Mas especialistas acreditam que, em 2022, a quantidade de electricidade produzida a partir do carvão vai chegar a um recorde histórico.

Assim ficarão adiadas as metas de “poupar” o clima, neste contexto – a produção de electricidade a carvão é responsável por cerca de 30 por cento das emissões globais de dióxido de carbono.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

4 Comments

  1. Falta dizer que a China é o maior poluidor do mundo porque o mundo fechou as suas fabricas e deslocou para lá a sua produção.

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