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Experiência da OpenAI prova que rendimento básico incondicional afinal “não é um penso rápido”

TechCrunch / Flickr

Sam Altman, CEO da OpenAI

O CEO da OpenAI quis perceber efeitos do RBI na mitigação da perda de empregos devido à evolução da IA. Testou com dinheiro do seu próprio bolso.

Tem sido apontado que o Rendimento Básico Incondicional (RBI) poderia ser a melhor, ou talvez a única forma de resolver o problema da perda de postos de trabalho provocada pela IA, explica a Tech Spot.

O RBI Portugal define este apoio como “uma prestação atribuída a cada cidadão, independentemente da sua situação financeira, familiar ou profissional, e suficiente para permitir uma vida com dignidade”. No fundo, é um apoio incondicional e universal aos cidadãos.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, decidiu experimentar por sua própria conta (e da sua empresa) se este rendimento universal pode realmente ser utilizado para ajudar a mitigar os efeitos do desemprego provocado pela IA, que substitui os postos de trabalho humanos. Levou, então, a cabo um estudo, com os primeiros resultados divulgados já em julho de 2024.

A experiência durou três anos, durante os quais a OpenAI deu a 1000 participantes com baixos rendimentos 1000 dólares por mês (959 euros), sem quaisquer estipulações sobre a forma como o podiam gastar.  Outro grupo de 2000 pessoas recebeu 50 dólares por mês, ou 48 euros.

Os valores atribuídos, bem como todo o estudo, que custou cerca de 60 milhões de dólares (58 milhões de euros) foram suportados, essencialmente pela empresa de IA (10 milhões de euros) e pelo próprio CEO, que contribuiu com 14 milhões de dólares do seu próprio dinheiro para o projeto (cerca de 13.4 milhões de euros).

Os resultados são ambíguos. Elizabeth Rhodes, diretora de investigação do Projeto de Rendimento Básico da Open Research, disse ao Business Insider que, embora os pagamentos de rendimentos básicos sejam “benéficos em muitos aspetos”, os programas também têm “limitações claras”.

A maioria das pessoas só aumentou seus gastos com necessidades básicas, como alimentação, habitação e transportes. Mas “os 1000 dólares adicionais por mês podem não ser suficientes para ultrapassar as grandes barreiras sistémicas ao acesso aos cuidados de saúde e reduzir as disparidades na saúde”, conclui o estudo.

Curiosamente, os beneficiários foram mais seletivos na escolha do trabalho: alguns optaram por empregos com salários mais baixos para terem mais independência ou a oportunidade de entrar num determinado setor.

“A pobreza e a insegurança económica são problemas incrivelmente difíceis de resolver“, garantiu Rhodes. “As conclusões que obtivemos até agora são bastante matizadas.”

Mas o último conjunto de resultados, divulgado este mês, mostra que os beneficiários valorizavam mais o trabalho depois de receberem os pagamentos mensais, desafiando a crença de que o RBI faria com que as pessoas não quisessem trabalhar.

De acordo com a investigadora o RBI “não funciona como um penso rápido“. Mas os novos resultados não são tão animadores como os primeiros: O stress, o sofrimento mental e a insegurança alimentar também diminuíram no primeiro ano, embora os efeitos se tenham desvanecido no segundo e terceiro anos do programa.

“O projeto reforçou a ideia de que se trata de problemas muito difíceis e que, talvez, não exista uma solução única”, diz a investigadora.

Em maio, Altman propôs que a RBI poderia ser ultrapassada pelo que ele apelida de computação básica universal, lembra a Tech Spot. “Todos recebem uma fatia da computação da GPT-7 e podem utilizá-la, revendê-la ou doá-la a alguém para que a utilize na investigação do cancro”, sugeriu o CEO.

ZAP //

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