Execuções públicas e amputação de membros. Afeganistão volta a aplicar plenamente a lei islâmica

Stringer/EPA

O líder supremo do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, ordenou aos juízes que aplicassem em pleno os aspetos da lei islâmica, que incluem execuções públicas, apedrejamentos e flagelações, bem como a amputação de membros aos ladrões, informou o porta-voz das Talibãs.

No domingo, Zabihullah Mujahid escreveu no Twitter que a aplicação da lei em todos os aspetos foi ordenada após o líder supremo se ter reunido com um grupo de juízes. Akhundzada não é visto em público desde que os Talibãs regressaram ao poder, em agosto de 2021, como lembrou a agência AFP.

O grupo comprometeu-se a atuar de forma menos severa do que a que caraterizou o seu primeiro período no poder, entre 1990 e 2001, mas têm deixado de lado os direitos e as liberdades.

“O mullah Hibatullah [Akhundzada], ao reunir-se com os juízes, disse-lhes para investigarem adequadamente os casos de ladrões, sequestradores e rebeldes” e que, “nos casos em que se tenham cumprido todos os requisitos da sharia”, os magistrados “estão obrigados a aplicar o castigo”, escreveu Mujahid no Twitter.

Yussuf Ahmadi, Outro dos porta-vozes do grupo, que regressou ao poder em 2021, disse ao canal de televisão afegão Tolo News que assassinos, sequestradores e ladrões devem ser “castigados” de acordo com a ‘sharia’.

Os crimes em questão incluem adultério, falso testemunho, roubo, rapto, apostasia, rebelião e consumo de álcool.

Após a fuga do Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, “esta não é a primeira vez que o líder dos Talibãs defende a necessidade de aplicar totalmente a ‘sharia'” no país – um dos mais atrasados do mundo no que diz respeito aos cidadãos em geral e das mulheres em particular.

Em setembro, Ahmad Massoud, filho do combatente afegão Ahmad Shah Massoud e que lidera a Frente de Resistência Afegã, disse ao Indian Express que o Afeganistão “regressou à idade das trevas”.

“Se voltarem a aplicar ” a ‘sharia’, “têm como objetivo criar o medo que a sociedade perdeu gradualmente”, indicou à agência AFP Rahima Popalzai, analista jurídica e política. “Os Talibãs querem reforçar a sua identidade religiosa entre os países muçulmanos”, continuou.

As mulheres, que tinha conquistado alguns direitos, viram-nos a ser evaporar nos últimos 15 meses. A maior parte das que trabalhavam no governo perderam os seus empregos, estão impedidas de viajar sem um familiar masculino e devem cobrir-se com uma burca ou ‘hijab’ quando saem de casa.

Na semana passada, os Talibãs também proibiram as mulheres de entrar em parques, feiras de diversões, ginásios e banhos públicos.

ZAP //

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