Homem ia ser executado mas não foi – por causa do tempo e das suas veias

Nick Webb / Flickr

Entrada de sala de execução

Cancelamento anunciado meia hora antes da execução. Não houve tempo para cumprir o protocolo. Estarão a decorrer experiências à porta fechada.

O estado norte-americano do Alabama cancelou, na quinta-feira à noite, a execução de um homem por falta de tempo para cumprir o protocolo de aplicação da injeção letal no prazo determinado pelo tribunal, anunciaram hoje autoridades locais.

O cancelamento foi decidido meia hora antes da meia-noite (horal local), quando terminava o prazo para a execução de Alan Miller, condenado à morte pelo assassínio de três colegas de trabalho, em 1999.

O adiamento de última hora ocorreu depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter dado às autoridades estaduais menos de três horas para proceder à execução antes de expirar a sentença de morte.

“Devido a limitações de tempo resultantes do atraso do processo judicial, a execução foi cancelada, uma vez que foi determinado que as veias do recluso condenado não podiam ser acedidas de acordo com o nosso protocolo antes da expiração da sentença de morte”, disse o chefe dos serviços correcionais do Alabama, John Hamm, citado pela agência norte-americana AP.

“O acesso às veias estava a demorar um pouco mais do que o previsto”, disse Hamm.

Miller, 57 anos, foi levado para a sua cela numa prisão do sul do Alabama.

Em julho, as autoridades do Alabama foram acusadas da execução atabalhoada de um recluso, depois de terem demorado mais de três horas a iniciar o processo por dificuldade na administração da injeção letal.

A governadora do Alabama, a republicana Kay Ivey, disse que apesar do cancelamento de hoje, “nada alterará o facto de um júri ter ouvido as provas deste caso” e tomado a decisão de condenar Miller à pena de morte.

Uma organização norte-americana que se opõe à pena de morte condenou a insistência das autoridades do Alabama em usar um método de execução que “continua a correr catastroficamente mal”.

“No seu desespero de executar, o Alabama está a fazer experiências com prisioneiros à porta fechada”, disse a diretora da organização Reprieve US Forensic Justice Initiative, Maya Foa, num comunicado.

O recurso à injeção letal tem sido alvo de críticas nos Estados Unidos, depois de alguns casos falhados que causaram sofrimento aos condenados.

Em 2018, o Alabama aprovou a hipoxia de azoto como método de execução, a qual consiste na privação de oxigénio até à morte por asfixia.

Os defensores deste método, que nunca foi utilizado nos Estados Unidos, dizem que o azoto causa uma perda de consciência imediata e que a morte ocorre sem sofrimento.

A lei do Alabama concede um prazo para o condenado optar pela hipoxia de azoto e a defesa de Miller disse que o recluso manifestou essa vontade, mas que os funcionários da prisão perderam a respetiva declaração.

Com base no seu testemunho, um tribunal de recurso impediu a execução de Miller por injeção letal, mas esta decisão foi revogada pelo Supremo Tribunal, por um voto de diferença.

Um porta-voz da governadora do Alabama, citado pela imprensa local, disse que Ivey “antecipa que a execução será reiniciada na primeira oportunidade”.

// Lusa

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