Patrocínio Azevedo rejeita as acusações no âmbito da Operação Babel e afirma que foi Eduardo Vítor Rodrigues quem escolheu a localização do centro de congressos, um dos projetos urbanísticos sob suspeita.
Após 20 meses em prisão preventiva, Patrocínio Azevedo, ex-vice-presidente da Câmara de Gaia, declarou ontem no Tribunal de Gaia que jamais participou em qualquer “pacto secreto e corruptivo” relacionado com os empreendimentos investigados na Operação Babel.
“Estou preso por defender os interesses do município”, garantiu o suspeito, que está acusado, juntamente com outros 15 arguidos, de integrar um esquema para viciar processos de licenciamento urbanístico em troca de vantagens financeiras que, de acordo com o Ministério Público (MP), atingiram centenas de milhares de euros.
Os crimes em análise incluem corrupção, tráfico de influência, branqueamento de capitais, abuso de poder e participação económica em negócio e inclusive já levaram a autarquia de Gaia a exigir uma indemnização de 50 mil euros a Patrocínio Azevedo pelo impacto negativo que o caso teve na imagem do município.
No seu depoimento, Patrocínio Azevedo rejeitou as acusações e afirmou que a escolha da localização do centro de congressos, um dos projetos sob suspeita, foi decisão exclusiva do presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues. O ex-vice-presidente garantiu que não teve qualquer envolvimento com a escolha da Quinta do Custódio como local para o empreendimento, atribuindo a decisão a uma comissão nomeada pela autarquia, refere o JN.
Patrocínio também se queixou das dificuldades enfrentadas pela sua família devido ao bloqueio de bens pelas autoridades, afirmando que esta situação obrigou a sua esposa a “viver à custa dos filhos“. Sobre o advogado João Lopes, apontado pelo MP como intermediário no esquema, o antigo vice-presidente afirmou conhecê-lo apenas em contexto profissional.
A defesa dos acusados, incluindo empresários como Paulo Malafaia e Elad Dror, classificou a acusação como “irracional” e baseada numa narrativa que confunde práticas administrativas legítimas com atividades criminosas. No entanto, segundo a acusação, Patrocínio Azevedo teria recebido 120 mil euros e relógios de luxo de 12 mil euros como suborno para favorecer interesses de construtores.
A sessão também teve momentos de tensão quando o advogado de Elad Dror, João Peres, pediu o adiamento do julgamento, alegando falta de tempo para preparar a defesa. Apesar do indeferimento do pedido pelos juízes, Peres declarou não estar em condições de defender o cliente e anunciou que apresentará um recurso.