EUA: e uma guerra civil em todos os Estados?

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Muitos norte-americanos aceitam o cenário de cometer actos violentos que atinjam membros do Governo.

Guerra civil? Nos Estados Unidos da América? Não seria sequer um tema em 2022, para quase todas as pessoas. Mas, no início desse tal ano, as análises à volta deste assunto multiplicam-se.

Ron Elving, correspondente da National Public Radio em Washington, e alguém que acompanha constantemente os assuntos e os bastidores da Casa Branca, avisa: “Imagine outra guerra civil nos EUA mas, agora, em todos os Estados“.

Não é um cenário provável já para amanhã, ou para a próxima semana, mas a verdade é que vários inquéritos nacionais demonstram que há muitos habitantes nos EUA que aceitam a ideia de cometer actos violentos que atinjam membros do Governo. Não são a maioria, mas já são uma minoria significativa.

Revelaram as sondagens que 33% das pessoas achava que a violência contra o governo era “justificada, por vezes”. Esta percentagem era de 10% em 1990.

Aliás, ainda em 2020, em Outubro foi publicada uma sondagem nacional que revelou que a maioria dos norte-americanos acreditava que o país já atravessava uma situação de uma “Guerra Civil Fria”.

Em 2021 a maioria dos apoiantes de Donald Trump queria que o seu Estado deixasse de fazer parte do país. E, mesmo entre os apoiantes de Joe Biden, uma percentagem considerável (41%) admitiam a possibilidade de “dividir o país“.

Além dos problemas sociais e das desigualdades económicas, fica a ideia de que as pessoas que vivem nos EUA não acreditam no sistema democrático do país. Sobretudo os jovens não acreditam.

Esta noção foi transmitida por um inquérito revelado no mês passado, que também demonstrou que um terço dos inquiridos disse que estava à espera de uma guerra civil nos próximos tempos; e um quarto das pessoas pensa que, pelo menos, um Estado vai passar a ser totalmente autónomo.

Não se espera uma guerra que cause 600 mil mortos (ou mais), como causou a guerra civil nos EUA. Mas espera-se, e já é uma realidade, que assuntos importantes causem divisões fortes entre Estados – e, ainda antes disso, “a guerra está prestes a surgir à porta de casa de cada um“, lê-se no artigo.

O desgaste é evidente, a atmosfera é “tóxica”. E num país onde há 434 milhões de armas na posse da população…

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

6 Comments

  1. a democracia americana pode ter várias falhas (como todas as democracias…), mas se as pessoas não acreditam nela então acreditam em quê? na ditadura? na anarquia?
    os EUA são um dos poucos países que só conheceram a democracia como regime político (ressalvando o apartheid racial) desde a sua fundação até hoje. quando a democracia nos EUA cair, a democracia no resto do mundo está condenada. triste mundo!

  2. Os EUA são o país desenvolvido com a sociedade mais violenta. Nos EUA os problemas resolvem-se a murro, a pontapé ou a tiro, e o sistema judicial não existe para fazer justiça mas para institucionalizar a vingança. E isso é a nível interno, porque a nível internacional a guerra é a resposta para todos os diferendos. Quem se opuser aos EUA ou se submete ou é agredido. Como se tem visto com Cuba, Venezuela, Irão, Síria, Nicarágua, e tantos outros. De democracia os EUA já não têm nada, e por isso não admira que exista um estado de guerra civil latente, que vai acabar por rebentar.

  3. Lá só reina a violência e a gritaria e o mau gosto!
    Basta ver a maioria dos programas de TV, que infelizmente os Portugueses importam de lá, incluindo a maioria das series e filmes…
    Mas o problema é que realmente o povo (também aqui), só quer ver bosta…
    Por acaso passam aqui nos canais pagos, algo Europeu?
    NÃO!
    Porque?

  4. Não sei se é democracia mas, a maior parte desses filmes, mostram mesmo o que é mau nesse país o que não acontece com filmes originários de outros países que, muitas vezes, escondem o que não serve para “exportação”. Soubemos tudo o que se passou na guerra do Vietnam mas ficou muito por saber do que se passou na guerra colonial portuguesa!

  5. Infelizmente a par da inteligência e do conhecimento cientifico apenas interiorizado e praticado por uma minoria, a comum imbecilidade e as crendices, parecem continuar a ser as caracteristicas predominantes por todo lado, neste planeta superpopulacionado pelos Homo Sapiens, em resultado do conhecimento aplicado por essa minoria. Contudo a democracia falha quando as decisões fundamentais são postas á votação dessa maioria idiotizada, que foi perdendo o habito de usar as capacidades e conhecimentos da ciencia de forma racional, da matemática e lógica dedutiva, ao acesso á informação de qualidade e credibilidade comprovada, preferindo deixar-se levar e dominar-se pelo lado irracional pouco certo e não filtrado pelas capacidades racionais que caracterizam os homens livres e justos.

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