A organização separatista basca ETA anunciou este domingo estar prestes a concluir o debate sobre a sua dissolução, iniciado entre os seus membros, indica um comunicado divulgado no jornal Gara, na internet.
“O confronto durou muitas décadas e nestes últimos anos esforçámo-nos por deixar esse ciclo para trás”, escreve a organização clandestina, à qual são atribuídas 829 mortes em Espanha e em França, até 2010, em quatro décadas de luta armada.
“Este ano é especial pelo processo de debate que está prestes a ficar concluído”, escreve a organização no jornal basco Gara, por ocasião do “Aberri Eguna”, o dia que celebra a pátria basca.
A ETA renunciou definitivamente à violência em 2011, e anunciou o desarmamento em abril do 2017. Em seguida anunciou um debate interno sobre o seu futuro, tendo confirmado em fevereiro que pediu aos seus membros para votarem na dissolução. Segundo várias fontes, a dissolução pode acontecer “antes do verão”.
Criada em 1959, em Espanha, na altura da ditadura de Francisco Franco, a ETA iniciou em 1969 uma campanha de atentados, que se intensificaram nos anos 1980, já no tempo de democracia. A organização, que figurava na lista de grupos terroristas da União Europeia, assegura que não procurava a guerra.
“Eles trouxeram-na para nós e, infelizmente, os bascos viram-se obrigados a pegar em armas”, diz o comunicado, no qual se acrescenta que “milhares de pessoas estiveram na ETA ou com a ETA” e que no futuro continuarão a lutar pela liberdade do País Basco.
O ministro espanhol da Administração Interna, Juan Ignacio Zoido, não reagiu diretamente ao artigo, mas disse sobre o terrorismo que não há duas leituras: os assassinos são os que assassinam e as vítimas as que são assassinadas.
Madrid e Paris exigem a dissolução da organização e recusam qualquer negociação sobre o destino dos 250 elementos da ETA que estão presos.
// Lusa