Nova esperança (e portuguesa) no combate à infertilidade masculina de origem desconhecida

Estudo da Universidade de Coimbra dá mais informações sobre detalhes moleculares e metabólicos ligados a este tipo de infertilidade.

Os homens que sofrem de infertilidade de origem desconhecida ganham nova esperança devido a um estudo português.

A investigação foi liderada pela Universidade de Coimbra (UC) e clarificou detalhes moleculares e metabólicos ligados a este tipo de infertilidade – que não são rotineiramente avaliados e que podem ser determinantes para um melhor diagnóstico e eficácia dos tratamentos.

Mais de 1.400 pacientes participaram no estudo. Foram analisados espermatozoides de indivíduos saudáveis e sem problemas de fertilidade e também de homens diagnosticados com infertilidade de origem desconhecida.

Foram identificados alguns aspetos funcionais do gameta masculino que se encontram afetados: a integridade do seu ADN (material genético a ser transmitido à geração futura), o processo de capacitação (que confere ao gameta capacidade de fertilizar) e ainda a função mitocondrial (relacionada com a mitocôndria, um organelo celular envolvido em inúmeras funções como, por exemplo, a produção de energia).

Os cientistas conseguiram também identificar seis proteínas diferencialmente expressas nos indivíduos diagnosticados com infertilidade, lê-se em comunicado enviado ao ZAP.

E acreditam que todos estes aspetos estão a afetar o potencial de fertilização dos espermatozoides.

Assim, segundo a investigadora Sandra Amaral, pode ser possível identificar os fatores causadores da infertilidade nestes homens, abrindo a porta para uma melhoria nos métodos de diagnóstico e futuros tratamentos.

Hoje em dia, a análise feita ao sémen – etapa central do diagnóstico – é limitada: “Nem sempre permite predizer a causa exata da infertilidade e probabilidade de engravidar, uma vez que o espermatozoide tem muitas outras características e funções que não são analisadas rotineiramente”, explica Sandra Amaral.

Por isso, a equipa portuguesa defende uma “abordagem integrada da infertilidade masculina de origem desconhecida – que envolva os vários aspetos funcionais do gâmeta masculino, bem como outros fatores externos que o podem impactar”.

“Isso tem potencial para contribuir para um melhor diagnóstico e eficácia dos tratamentos, contribuindo para um sistema de saúde mais sustentável, promovendo a saúde reprodutiva, o bem-estar e a melhoria das taxas de fertilização”, continuou a especialista.

O passo seguinte será compreender melhor a função das proteínas identificadas nesta análise, para entender de que forma a sua expressão pode estar relacionada com o estado de infertilidade e para tentar encontrar um biomarcador para este tipo de infertilidade.

A infertilidade afecta, não só a saúde do homem, mas também causa problemas psicossociais e financeiros no casal. Em Portugal, estima-se que a infertilidade afete cerca de 300 mil casais – metade dos casos é de infertilidade no homem.

No entanto, a identificação da causa de infertilidade masculina não é possível em aproximadamente 30% dos casos – a chamada infertilidade masculina de origem desconhecida.

ZAP //

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