Estratégia chinesa ‘zero casos’ com Ómicron é “insustentável”, avisa OMS

Jean-Christophe Bott / EPA

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

Chefe da Organização Mundial da Saúde revelou que a OMS aconselhou repetidamente as autoridades chinesas sobre estratégias de contenção, mas que cabe a cada país escolher a política a seguir.

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, voltou hoje a dizer que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é “insustentável”, devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron.

Em conferência de imprensa, Tedros descreveu a estratégia de ‘zero covid’ da China como “insustentável”, depois de o país asiático ter criticado comentários semelhantes, feitos na semana passada.

“Conhecemos melhor o vírus e temos melhores ferramentas, incluindo vacinas, por isso a gestão do vírus deve ser diferente do que o que foi feito no início da pandemia”, disse.

O responsável acrescentou que o vírus mudou significativamente desde que foi identificado pela primeira vez, na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019. A China interrompeu então a sua propagação através de medidas de confinamento.

Tedros revelou que a OMS aconselhou repetidamente as autoridades chinesas sobre estratégias de contenção, mas que cabe a cada país escolher a política a seguir.

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a agência reconhece que a China enfrenta uma situação difícil e elogiou as autoridades por manter o número de mortes num nível muito baixo.

“Entendemos que a resposta inicial da China foi tentar suprimir as infeções ao máximo, mas essa estratégia não é sustentável e outros elementos precisam de ser amplificados”, apontou.

Ryan acrescentou que os esforços de vacinação devem continuar e enfatizou que uma “estratégia apenas de supressão não é uma forma sustentável de sair da pandemia para nenhum país”.

A implementação implacável e muitas vezes caótica da política de ‘zero casos’ gerou uma crise em Xangai, a maior cidade da China, onde 25 milhões de pessoas estão há seis semanas proibidas de sair de casa.

A política chinesa obriga ao isolamento de todos os casos positivos, incluindo os assintomáticos, em centros de quarentena. Trata-se sobretudo de instalações improvisadas, com as camas distribuídas num espaço comum, sem chuveiros, e com uma casa de banho para centenas ou até milhares de pessoas.

O abrupto encerramento dos serviços na “capital” económica da China e as ordens para a população ficar em casa criaram também dificuldades no acesso a alimentos e medicamentos. Várias outras cidades chinesas foram afetadas por medidas parciais ou totais de confinamento este ano.

// Lusa

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