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Paleontólogos descobrem estranhos micróbios em fósseis de dinossauro

Uma equipa de paleontólogos procurou preservar proteínas de colagénio nos ossos fossilizados de um dinossauro. Mas os cientistas não encontraram as proteínas: em vez disso, encontraram comunidades incomuns de micróbios modernos.

Para as preservar, uma equipa internacional de paleontólogos decidiu procurar proteínas de colagénio nos ossos fossilizados de um Centrosaurus, mas sem sucesso. Em vez disso, os cientistas encontraram comunidades incomuns de micróbios modernos a viver dentro dos ossos do dinossauro. O artigo científico foi publicado em junho na eLife.

“É a primeira vez que descobrimos esta comunidade microbiana única nestes ossos fósseis enterrados no subsolo”, disse o principal autor do estudo, Evan Saitta, investigador do Field Museum of Natural History, citado pelo Sci-News.

Durante o processo de fossilização, os tecidos biológicos degradam-se ao longo de milhões de anos. Ainda assim, os cientistas encontraram vestígios de material biológico dentro de alguns fósseis.

Enquanto que alguns cientistas acreditam que estes podem ser os restos de antigas proteínas, vasos sanguíneos e células, tradicionalmente considerados como estando entre os componentes menos estáveis do osso, outros investigadores estão convencidos de que têm fontes mais recentes.

(dr) Evan Saitta / Field Museum of Natural History

Micróbios modernos a fluorescente

Para investigar a origem do material biológico em ossos de dinossauros, Saitta e a sua equipa realizaram várias análises nos ossos fossilizados, com cerca de 75 milhões de anos, do Centrosaurus. Os ossos foram cuidadosamente escavados de forma a reduzir a contaminação.

Depois, os cientistas compararam a composição bioquímica dos fósseis com os modernos ossos de galinha, os sedimentos do local dos fósseis em Alberta, no Canadá, e os antigos dentes de tubarão, chegando assim à conclusão que os fósseis de Centrosaurus não pareciam conter as proteínas de colagénio presentes nos ossos novos ou nos dentes de tubarão muito mais jovens.

Mas vemos muitas evidências de micróbios recentes. Há claramente algo orgânico nestes ossos”, disse o cientista, adiantando ter encontrado carbono orgânico morto sem radiocarbono, aminoácidos recentes e ADN no osso – descobertas indicativas de que o osso hospeda uma comunidade microbiana moderna.

Surpreendentemente, os micróbios encontrados nos ossos não são as mesmas bactérias que vivem na rocha ao seu redor. “É uma comunidade muito incomum. Cerca de 30% das sequências estão relacionadas a Euzebya“, disse Saitta.

“Não sabemos ao certo por que estes micróbios em particular estão a viver nos ossos dos dinossauros, mas não estamos chocados com o facto de as bactérias serem atraídas pelos fósseis”, explicou ainda.

Os ossos fósseis contêm fósforo e ferro, “e os micróbios precisam deles como nutrientes”. Além disso, os ossos são porosos “Se fosse uma bactéria a viver no chão, provavelmente iria querer viver num osso de dinossauro”, concluiu.

ZAP //

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