“Estás a brincar com a III Guerra Mundial”. Trump furioso com Zelenskyy manda-o embora sem acordo

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JIM LO SCALZO / EPA

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy ouve o presidente dos EUA, Donald Trump, na Sala Oval da Casa Branca em Washington

A tão esperada conversa entre Donald Trump e Volodymyr Zelenskyy na Casa Branca foi marcada por um clima de ‘alta tensão’. Humilhado, o presidente ucraniano foi embora, sem assinar o acordo. Trump suspendeu as negociações.

A conversa tinha começado num tom cordial. Até que Volodymyr Zelenskyy disse que a proposta para o acordo sobre minerais, que previa que Washington continuaria a fornecer ajuda a Kiev em troca de acesso às “terras raras” do país, era insuficiente.

O presidente ucraniano insistiu que os EUA também deveriam assinar compromissos de segurança com a Ucrânia – o que não consta na proposta de Donald Trump.

A partir daí, numa inédita e muito estranha conversa a três na Sala Oval, Trump e o seu vice, J.D. Vance, perante os jornalistas, atacaram e humilharam Zelenskyy.

Trump e Vance acusaram Zelenskyy de faltar ao respeito aos norte-americanos – a quem “devia estar muito grato”, pelas ajudas nestes anos de guerra – e disseram-lhe que não estava em posição de ditar condições relacionadas com a guerra.

Trump seguiu as acusações, dizendo que o presidente ucraniano “não tem as cartas na mão” e que está a “brincar com as vidas de milhões de pessoas”.

Furioso, o líder norte-americano foi mais longe e disse mesmo que Zelenskyy estava a “brincar com a III Guerra Mundial”.

“O que estás a fazer é muito desrespeitoso para com o país, este país que te apoiou muito mais do que muitas pessoas dizem que deveria ter feito”, acrescentou.

Zelenskyy tentou ripostar

A dada altura Zelenskyy questionou – “também posso falar?” – e lembrou a Trump e a Vance que Putin é que é o agressor, “desde 2014”. Por esse motivo, a Ucrânia também deveria “ditar condições” para a paz.

A dada altura, Vance perguntou a Zelesnkyy se já tinha agradecido aos EUA, hoje. Nisto, o presidente ucraniano sugeriu-lhe que moderasse o tom.

Trump interveio e disse a Zelenskyy: “Espere um minuto, você já falou muito“.

“O seu país está em grandes apuros”, acrescentou o presidente dos EUA, com um ar ameaçador.

Trump interrompe negociações

Zelenskyy tinha-se deslocado aos EUA especificamente para assinar o tão esperado acordo sobre minerais. Mas foi embora sem o ‘contrato’.

O que havia sido proposto por Trump era que a Ucrânia partilhasse 50% dos rendimentos obtidos com a futura monetização de todos os recursos naturais do país, como passo preliminar para um polémico acordo de paz com a Rússia.

Esta seria uma compensação pela ajuda militar e financeira prestada nos últimos três anos, desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

Zelenskyy até já teria aceitado o acordo. Só faltava assinar. Contudo, na tarde desta sexta-feira, o líder ucraniano questionou a falta de compromissos de segurança com a Ucrânia; e a coisa ‘descambou’.

Após os cerca de 30 minutos de alta tensão na Sala Oval, Zelenskyy abandonou a Casa Branca sem assinar o acordo sobre os minerais estratégicos.

Trump mandou Zelenskyy embora

Fonte da Casa Branca adiantou à Fox News que foi Trump quem cancelou as negociações, tendo pedido a Zelesnkyy para ir embora.

“Eu determinei que o presidente Zelenskyy não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações”, escreveu Trump, no Truth Social.

“Não quero vantagens, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos na nossa querida Sala Oval. Pode voltar quando estiver pronto para a paz“, acrescentou.

Por seu turno, no X/Twitter, Zelenskyy apenas agradeceu: “Obrigado América, pelo vosso apoio e por esta visita. A Ucrânia precisa de uma paz justa e duradoura, e estamos a trabalhar exatamente para isso”.

O mundo fica, agora, em stand by, à espera do que aí virá.

Miguel Esteves, ZAP //

18 Comments

  1. Tenho pena do presidente da Ucrânia, e nunca pensei que o Trump conseguisse dizer estes disparates. É pena, porque tem espírito de liderança, mas a sua visão e ação estão erradas. Não deveria aliar-se ao russo monstruoso, que está satisfeito com esta confusão! Monstro!
    Força à Ucrânia, que vença os russos, seja quando for!

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    • Pois, mas não vai vencer… E agora? O mundo vai participar e dar início à III guerra mundial? É esse o objetivo?

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      • Não sei o que vai acontecer daqui para a frente, mas a Ucrânia tem de ficar com as suas terras, o Trump cala o bico e o Putin é lançado aos cães.
        Não foi justa, a situação de ontem. Contudo, parece que nenhuma abordagem serve para o monstro da Rússia. O Biden também tentou planos de paz, isto e aquilo, envio armamento, financiou a Ucrânia, o que é digno. Mas isso não teve assim grande expressividade, porque a guerra, infelizmente, continuou a arrastar-se, apesar de as tropas russas terem ficado enfraquecidas.
        Depois, veio o Trump, e pôs-se com um discurso esquisito. A favor da Rússia. Mas porquê? Se ele é a favor de Israel (país atacado pelo Hamas), também deveria ser a favor da Ucrânia, que sofreu com os ataques da Rússia a partir de fevereiro de 2022. E não venham com a treta da NATO. Se os russos não queriam a Ucrânia na NATO (e é claro que agora podem esquecer isso), não tinham que estar com coisas e organizar um ataque massivo que destruiu dezenas e dezenas de cidades e matou milhares e milhares de cidadãos.
        A Ucrânia é um país mais pequeno. A Rússia já tem muitos territórios, é maior, mais forte. Porque é que ninguém convence o Putin de que ele não precisa de mais do que aquilo que já tem? Não bastou aquele ataque à Crimeia em 2014?! O que é que ele quer? Aproveitar a boa relação diplomática, para o manipular, pondo-o a dizer disparates?!
        O Zelenskyy fez muito bem em abandonar a reunião. Para quê dar os minerais à América, e ficar sem as suas terras? O Trump está mesmo maluco. Não sabia que a recompensa dos Estados Unidos poderia alguma vez ser a de ficar com esses minerais, e, ainda, apoiar o Putin nesse acesso de loucura por não ter ainda desistido de roubar as terras da Ucrânia…! E mais, o Zelenskyy não é ditador, não sei aonde foram buscar essa ideia estapafúrdia.
        O principal aqui é perceber como domar o monstro, como conseguir negociar, por forma a que a Ucrânia saia a ganhar e a Rússia nunca mais lá ponha o focinho. Afinal, a economia deste último país também está quase em recessão, não é? O Putin também quer isso? Economia miserável, abatimento de soldados, continuidade das sanções de países do Oriente e do Ocidente (notar: apenas os da oposição)? O Putin não está a ver bem o cenário, e pensa que o presidente da Ucrânia vai ceder aos caprichos de um monstro. Enganou-se. Quanto ao Trump, que se cale. E espero que controle mais aquilo que diz, e como diz.

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    • Tem espírito de liderança ou é um mentiroso compulsivo. Que mais parece um catavento. Hoje diz uma coisa amanhã defende outra e quando confrontado com o que disse a defesa é os jornalistas manipulam tudo, não me lembro, etc

  2. A América e o mundo livre vão pagar caro esta arrogância de Trump e a sua ligação a Putin, que ficará na História como um vendido ao imperialismo que ele admira e o tem ajudado na sua fornuna.
    É bom lembrar que Trump esteve falido e recuperou com a venda de imóveis a um oligarca russo e esta palhaçada toda, não é mais do que a paga e o reconhecimento disfarçados.
    Maus dias para o Mundo, mas muito piores para a América aos quais Trump não vai concerteza sobreviver.

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    • Agora a culpa é de Trump?
      Os EUA já deram 350 bilhões em ajudas! A Europa emprestou muito menos.
      E contínua a guerra…

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      • Afinal quanto foi? 500, 350, 150, ou só 50 e resto venda de armas?
        É que já se ouviu de rudo e o Trump, à semelhança de Putin, é um narcisista mentiroso compulsivo.

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      • Quando Trump disse isso Macron confronto-o com a verdade e ele teve de engulir diante das câmaras, até agora a UE forneceu 66% da ajuda o UK também ajudou, onde está a maioria da ajuda dada pelos USA.

  3. Há aqui uma grande oportunidade que a Europa, e não só a UE, devem aproveitar:
    Nós tb precisarmos dessas terras raras e minerais raros para fazer crescer o negócio das novas tecnologias, do crescimento da área da eficiência energética correcto?
    Para não ficarmos atrás dos EUA e da China, certo?

    Então vamos nós fazer esse acordo com a Ucrânia.
    De qualquer maneira, qualquer acordo de paz ou cessar fogo irá sempre recair na obrigação da Europa em ajudar no processo de ajuda militar à Ucrânia em manter esse acordo de paz.
    Mas para isso a Europa têm de agir já, imediatamente a começar a criar um esforço militar, desenvolver o seu arsenal militar e a capacitar o tal exército europeu que tanto se fala.
    À luz nos novos acontecimentos geopolíticos, temos que pensar naquilo que é mais importante, e o dinheiro não vai chegar para tudo… Há que fazer escolhas.
    Porque isto não vai ficar por aqui.
    Trump vai continuar com as suas maluquices.
    O problema é que ficamos muito tempo à sombra dos EUA e agora o tempo é pouco para reagir. E quando assim é, a dor da mudança é maior.

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  4. O Trump deveria ter dito ao “amigo” Putin para este dar de frosques imediatamente. Não tem que ficar com territórios alheios. Foi ele que mandou invadir a Ucrânia, monstro.
    E o Trump, alienado, parece concordar com o vigarista. É pena. Ponto final: A Ucrânia fica com as suas terras, Zelenskyy canta vitória, o Putin põe o rabo entre as pernas e o próximo passo será a reconstrução.

    NOTA: Tinha colocado aqui outro comentário mais explicativo, mas o ZAP censurou-o.

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  5. A malta do Kremlin deve estar excitada e rejubilante. O caminho parece aberto para a Ucrânia, depois a Geórgia, a Moldávia, a Estonia, etc. (não necessariamente por esta ordem). Veremos se Trump também vai ceder o Alasca a Putin, o que vão negociar sobre o Irão e Israel e se alguém vai defender Taiwan quando o Xi atacar. Está mais que visto que a arte da negociação trumpista se baseia na ameaça e na chantagem, mas com Putin e com Xi isso não me parece que funcione.

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  6. A única coisa k o presidente UK quer r a paz na sua terra pra com a sua gente….quais acordos? Isto tudo que mamar,ajudam mas com o direito de dizer k ajudaram e agora ele tem k pagar a ajuda k teve,porcos esse Putin e Trump era morte certa,nenhum foi 2 merecem o ar k respiram,sal os 2 a msm coisa, monstros desumanos.

  7. É engraçado como se consegue contar as coisas tal e qual como elas não aconteceram!

    Basta ver o video original da transmição em directo para perceber que a sequência dos acontecimentos não foi assim. É Zelensky que inicia um ataque provocativo ao vice presidente americano perante as camaras de televisão norte americanas e depois sim é acusado de desrespeitar a administração americana por procurar esgrimir argumentos políticos frente às camaras de televisão quando obviamente isto é para ser feito à porta fechada. Zelensky ataca JD após este responder aos jornalistas que a America quer procurar resolver o conflito através da diplomacia, Zelensky pediu para falar de seguida terminado a dizer: (“Diplomacia? Que tipo de diplomacia estás a falar JD, que queres dizer com Diplomacia?”) e depois sim começou a levar respostas que não queria ouvir, não quis deixar os outros falar estando sempre a interrompe-los até que acabou humilhado.

    Quem perceber inglês veja o video original e esqueçam a comunicação social portuguesa! Por mais que queiramos gostar de Zelensky ele esteve francamente mal em todos os sentidos, sendo que os esforços de guerra da Ucrania dependem exclusivamente dos EUA.

  8. A discussão que houve perante as camaras de televisão era, como é obvio para acontecer à porta fechada, tendo Zelensky iniciado a discussão perante as camaras quando decidiu atacar J.D. Vance sobre a posição da administração americana de resolver o conflito através da diplomacia, isto não foi nenhum acto de heroismo, foi um acto de estupidez total de quem não tem o menor sentido diplomático, ainda por cima a falar por cima dos anfitriões interrompendo-os constantemente. Neste bate boca, Trump acabou por dizer como vão resolver o conflito. Ou Zelensky aceita a paz negociada diplomáticamente ou os americanos saltam fora e abandonam a Ucrania à sua sorte.

    Seja como for os discursos dos dirigentes europeus vão começar a mudar a pouco e pouco para aceitar esta realidade uma vez que a Europa está soburdinada aos EUA e não tem a menor capacidade para alimentar uma guerra contra a Russia. Não tem homens, não tem armamento nem em numero nem em tecnologia, e não tem dinheiro.

    A campanha iniciada em 2014 pelos Neocons e o Deep State norte Americano de utilizar a Ucrania e a Nato para enfraquecer e dividir a Russia falhou em toda a linha, por mais que a CNN procure ainda informar no sentido contrário.

    A guerra está perdida sobretudo no campo económico com a acelerada perda da capacidade do Dolar de projetar a America como entidade reguladora no mundo. Se o Dolar deixar de ser a moeda predominante nas trocas internacionais a América afunda-se num défice profundo uma vez que tem vindo a imprimir moeda sustentada na premissa da demanda internacional. Caso deixe de o ser, o valor do Dolar cai a pique e a dívida externa Norte Americana torna-se impagável. Nesta altura o mundo já se encontra dividido em dois blocos e todos os países anteriormente oprimidos pelos EUA em Africa, Médio Oriente, América do Sul e Asia estão a saltar para a esfera de influência dos BRICS e os EUA a perder, com esta guerra, a cada dia que passa, o seu domínio e influência no mundo.
    A Russia foi empurrada comercialmente para a China e a desenvolver todo o seu comercio com a Asia. Proíbida de utilizar o sistema bancário ocidental, com as contas em Dolar congeladas e sem acesso ao SWIFT, tiveram a necessidade de acelerar a criação de um sistema de trocas comerciais independente que neste preciso momento meio mundo já utiliza em alternativa ao Dolar, fugindo desta forma à insegurança que o Dolar passou a representar ao ser utilizado como arma Norte Americana contra países que decide sancionar (As suas contas em Dolar necessárias para as trocas internacionais são congeladas).

    A real posição dos EUA neste momento é defender o Dolar e salvar o que ainda é possível da sua esfera de influência no mundo e na Asia. Henry Kissinger já tinha avisado que a estratégia dos Neocons contra a Russia seria desastrosa e está a provar se-lo. O verdadeiro receio dos EUA sempre foi evitar o desenvolvimento do eixo comercial Euro-Asiatico e neste momento é a China a Russia e os BRICS que ocupam grande parte da esfera de influência que anteriormente era dominada pelos EUA, as trocas comerciais nestes países já não estão sujeitas ao Dolar nem ao sistema SWIFT.
    Esta administração Americana quer minimizar os estragos o mais rápidamente possível e reverter se possível o processo de perda de domínio no mundo, estando desde o ínicio de funções a negociar e estabelecer acordos de poder e domínio mundial com a Russia e a China, não é por acaso que o regime de Assad na Síria caiu sem qualquer oposição e Assad saiu facilmente com vida da Siria ao contrário do que aconteceu com Muammar Gaddafi na Líbia.

    A guerra na Ucrânia, terminou. Acabou! Só não terminou para os milhares de jovens que ainda vão ter que estar mais uns tempos na frente de batalha e para todos os familiares que perderam os seus nesta guerra proxy entre Nato e Russia. Não acabou ainda para os dirigentes europeus que vão ter que reverter o seu discurso em pouco tempo e ainda não sabem muito bem como o vão fazer. Mas não vai tardar muito até começarem a abraçar o discurso pró paz do PCP, anteriormente considerado pró Putin. Nesta altura já ninguém repete o mantra de que é necessário derrotar a Russia no terreno e que o ocidente vai “ajudar” a Ucrânia durante quanto tempo for necessário e até ao ultimo Ucraniano vivo, nem o mantra de que quem falar em diplomacia é Pro Putin pq está a querer parar uma guerra que a Russia vai obviamente perder. Vejam como já está a mudar o discurso e não se preocupem pq também vão deixar de dizer que Putin quer é conquistar a Europa toda até Lisboa.

    Os Russos querem as zonas rusófonas da Ucrânia que antes da invasão reconheceram como independentes e depois de umas eleições duvidosas foram integradas por sufrágio popular na Russia (Crimea, Donbass e Lugansk). Querem a desmilitarização da Ucrânia, o cumprimento do acordo firmado aquando da independência da Ucrânia de que esta se manteria neutra e não aderente à NATO. Querem o respeito pela cultura, religião e identidade dos diversos povos que vivem naquele território, não só russofonos, mas tb os de origem Tartara, Hungaros, Polacos, Romenos, Turcos etc. e o restabelecimento da legalidade democrática ou representativa daquele país que foi distituida depois do golpe de estado de Victoria Nuland com a ilegalização de inumeros partidos politicos, ou seja, querem o afastamento do actual núcleo duro de ultranacionalistas Galicianos que defendem uma identidade única para a Ucrânia conforme a visão de Stepan Bandera que passou a ser o grande heroi da Ucrânia após o golpe de estado em 2014 (portanto querem a tal desnazificação).
    E por mais que nós não o queiramos, é precisamente isto que vai acontecer, infelizmente não vamos ter mais guerra!

    • Tanto disparate aqui escrito. Quem não estiver atento até pode ser tentado em acreditar nisto tudo… Pedro tens a cartilha pró Putin bem estudada, mas quando metes ai escrito “o restabelecimento da legalidade democrática ou representativa daquele país” isso realmente é de bradar aos céus! Russia, democracia? Só se for na tua cabeça toldada. É mais fácil acreditar no Pai Natal, do que acreditar em democracia nos países da esfera Russa.
      Enfim, vemos com cada disparate hoje em dia.

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