107 esqueletos da Idade das Trevas presos com anéis no pescoço descobertos na Ucrânia

Vyacheslav Baranov

Machados, espadas, lanças, joias e até restos de comida, como cascas de ovos e ossos de frango, foram encontrados perto de Kiev junto aos esqueletos da era pagã, que se encontravam presos com anéis no pescoço e baldes nos pés.

Cerca de 107 esqueletos foram recentemente encontrados perto da cidade de Kiev, na Ucrânia, num cemitério da era pagã.

Junto aos esqueletos, que se acredita que tenham cerca de mil anos, recuando à Idade das Trevas, a equipa liderada pelos investigadores Vsevolod Ivakin e Vyacheslav Baranov encontrou uma enorme diversidade de artefactos que oferecem uma melhor compreensão da história europeia, nomeadamente do período após a queda do Império Romano até ao início do Renascimento Italiano.

Entre tais artefactos encontram-se machados, espadas, lanças, joias e até restos de comida, como cascas de ovos e ossos de frango, itens típicos da Rus de Kiev — uma federação medieval na atual Bielorrússia e no nordeste da Europa — que vieram a sugerir uma conexão cultural com regiões tão distantes quanto os países bálticos. Mas não foram estes os adereços que surpreenderam mais os investigadores.

Um dos aspetos mais intrigantes da descoberta são na verdade os adornos cerimoniais encontrados nos esqueletos. As mulheres foram encontradas com anéis elaborados presos ao pescoço, que “aparentemente eram um tipo de marcador social”, disseram Ivakin e Baranov, citados pelo Live Science.

E se as figuras femininas tinham anéis ao pescoço, as masculinas continham baldes de madeira nos pés, uma prática semelhante aos rituais funerários da crematória prussiana do século XI e cemitérios de inumação de elites militares na Pomerânia e Mazóvia.

A presença de um altar de pedra no local indica a probabilidade de rituais pagãos ou cristãos primitivos, algo alinhado com o contexto histórico mais amplo da época, marcado por uma mudança religiosa significativa na Ucrânia, nomeadamente a conversão ao cristianismo por Volodymyr, o Grande, por volta do ano 987.

As descobertas “correspondem aos processos históricos pan-europeus na Europa, e mais uma vez mostram a importância de estudar a história pan-europeia como um todo e os povos europeus no contexto geral”, afirma Baranov ao Business Insider.

O projeto arqueológico, cujas descobertas foram apresentadas em inícios de janeiro na reunião anual do Instituto Arqueológico da América em Chicago, segue em frente desde 2017, apesar dos desafios impostos pela guerra na Ucrânia, que impactou significativamente a equipa de escavação, com vários membros perdidos para a batalha e mobilizados para as linhas da frente.

ZAP //

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