A ideia de alguém a tricotar é algo que parece tão pacato, tranquilo e seguro. E é exatamente por ser o contrário de algo ameaçador e perigoso, que o tricô foi utilizado, na Europa, como meio de espionar e transmitir informações ao longo de diversas guerras, principalmente na Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Pensando bem, trata-se de um disfarce quase perfeito – e incrivelmente funcional para a espionagem. Como os países incentivavam que os civis, especialmente as mulheres, tricotassem meias, casacos e chapéus para serem enviados aos soldados, isso fazia com que a presença de pessoas a tricotar em cenários de guerra fosse completamente natural.
Por isso, era possível que uma peça tricotada saísse diretamente de uma desconhecida para as mãos de um militar sem que parecesse suspeito.
Enquanto tricotavam sem transmitir qualquer sinal ameaçador, essas mulheres “inofensivas” podiam observar, das suas janelas, a movimentação das tropas, e anotar posições e informações através de códigos, que seriam enviados aos interessados.
Como os nós do tricô podem ser facilmente transformados em pontos e traços – tal como a escrita em código morse -, essas “espias do tricô” escreviam mensagens com diferentes tipos de nós, como um sistema binário, podendo esconder mensagens inteiras no tecido.
Esta é, portanto, uma longa tradição que existiu desde a guerra civil americana até à II Guerra Mundial.
Numa época anterior à facilidade atual de disseminação de informação que as tecnologias nos trouxeram, o acesso aos segredos de guerra era feito à mão: com duas agulhas, fios, esperteza e bastante coragem.
ZAP // Hypeness