Espia condenada nos EUA vai ser apresentadora de televisão na Rússia

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Pavel Starikov / Flickr

A agente russa Maria Butina

Maria Butina, a russa recentemente libertada de uma prisão dos Estados Unidos, após cumprir uma pena por conspirar a favor de um estado estrangeiro, vai ser a apresentadora de um programa de televisão online na emissora estatal RT, em que os opositores de Putin parecem ser o principal alvo.

O anúncio da nova ocupação da russa foi transmitido pela RT, que revelou que o programa chama-se “Wonderful Russia Bu Bu Bu”, o que parece indicar que se trata de uma sátira ao líder da oposição Alexey Navalny que frequentemente recorre a expressões sarcásticas nos seus vídeos como a “maravilhosa Rússia do futuro”, de acordo com o Diário de Notícias.

Butina já gravou um programa na semana passada em que defendeu a prisão de vários ativistas da oposição russa em protestos anti-Kremlin no início deste ano.

Em novembro, o comissário de direitos humanos da Rússia ofereceu um emprego em que esta passaria a ajudar na campanha e defesa dos russos que estão presos no exterior.

Maria Butina foi a única personalidade russa condenada na investigação de três anos sobre a interferência de Moscovo na política dos EUA. O seu objetivo era infiltrar-se nas empresas que tinham influência em políticos do país, tendo chegado aos EUA com um visto de estudante. Através dos seus contactos, chegou até Donald Trump.

Acabou por ser detida em julho de 2018 por acusações de espionagem, embora não tivesse nenhuma conexão com as agências de espionagem da Rússia. Em dezembro, aceitou um acordo judicial admitindo que agia como agente estrangeiro ilegal e não registado, sendo sentenciada a 18 meses de prisão, quase metade da qual foi já cumprida.

Sob um forte ataque nos EUA por interferir nas eleições de 2016, Moscovo transformou a nativa da Sibéria numa celebridade, com o Ministério das Relações Externas a publicar a sua imagem nas redes sociais, com o slogan “Free Maria” (“Maria Livre”).

Apesar da investigação, não ficou claro se Maria Butina era uma agente de inteligência posicionada para se infiltrar nos círculos políticos dos EUA ou apenas alguém que estava a criar, por iniciativa própria, canais de cooperação entre pessoas que foram vítimas de um nível mais alto de intriga relacionado à interferência nas eleições russas.

ZAP //

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