Aumentam especulações sobre o paradeiro do Presidente da Tanzânia, negacionista em relação à covid-19

paulkagame / Flickr

John Magufuli, Presidente da Tanzânia

As especulações sobre o paradeiro do Presidente da Tanzânia estão a aumentar, após John Magufuli não aparecer em público há mais de uma semana. O chefe de Estado, negacionista em relação à covid-19, foi visto pelo última vez a 27 de fevereiro, numa cerimónia de tomada de posse, em Dar es Salaam.

Políticos da Tanzânia e do Quénia sugeriram que Magufuli pode ter adoecido depois da morte do seu secretário-chefe, John Kijazi, em fevereiro, noticiou na quarta-feira a Sky News. A sua ausência da vida pública é invulgar, visto que é conhecido pelas declarações que faz na televisão estatal várias vezes por semana.

Citando fontes governamentais anónimas, o jornal queniano Nation avançou na quarta-feira que Magufuli foi levado para um hospital em Nairóbi, onde estava a ser tratado. Contudo, um porta-voz do Governo queniano disse não ter conhecimento da presença do líder tanzaniano no país.

Em junho de 2020, Magufuli declarou o país “livre” do vírus, após três dias de oração, resistindo a implementar medidas de contenção e encorajando o turismo internacional, enquanto os estados africanos vizinhos aplicavam restrições rígidas.

A Tanzânia declarou o primeiro caso de coronavírus a 16 de março de 2020, mas o Presidente insistiu que isso não poderia prejudicar a população cristã do país. “O coronavírus, que é um demónio, não pode sobreviver no corpo de Cristo. Ele queimará instantaneamente”, disse durante a visita a uma igreja em Dodoma, a 22 de março.

Magufuli condenou as medidas de prevenção, como o encerramento de lojas e restaurantes e a prática do distanciamento social. Determinado a manter a economia, afirmou: “Tivemos várias doenças virais, incluindo a sida e o sarampo. A nossa economia deve vir em primeiro lugar. Não deve dormir. A vida deve continuar”.

Quando kits de teste chegaram à Tanzânia, Magufuli rapidamente descartou-os, indicando que tinham defeitos e que estes tinham dado positivo em amostras de cabras e patas.

O chefe de Estado defendeu igualmente que as vacinas não funcionam. “As vacinas não são boas. Se fossem, o homem branco teria trazido vacinas para o VIH”, referiu, acrescentando que se deve inalar vapor e comer milho e batatas para tratar a covid-19.

O Presidente indicou ainda um tratamento à base de plantas para tratamento da covid-19, desenvolvido em Madagáscar. “Enviaremos um avião para trazer os fármacos para que os tanzanianos também possam se beneficiar”, disse em maio do ano passado.

Várias pessoas sugeriram que Magufuli adoeceu, possivelmente com coronavírus. O líder exilado da oposição tanzaniana, Tundu Lissu, questionou o seu paradeiro no Twitter, sugerindo que este tenha viajado para Nairóbi para tratamento hospitalar.

Outro político, que falou sob anonimato, disse que conversou com pessoas próximas ao Presidente, que lhe contaram que este está gravemente doente e hospitalizado.

 

A 10 de fevereiro, a embaixada dos Estados Unidos alertou para um aumento significativo no número de casos de covid-19 no país. Dias depois, a 21 de fevereiro, Magufuli admitiu que a Tanzânia tinha um problema de coronavírus, o primeiro reconhecimento público do vírus desde que alegou que este havia desaparecido, em junho do ano passado.

Taísa Pagno //

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