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Especialistas reconstituem filme dos acontecimentos de tsunami de 1755

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Terramoto e tsunami destroem a baixa de Lisboa no Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro de 1755, imagem colorida manualmente a partir de ilustração do século 19

Em algumas partes do sistema costeiro ainda são visíveis os efeitos do tsunami e estudar os sedimentos permite perceber o período de retorno.

Alguns dos maiores especialistas mundiais no estudo geológico dos tsunamis juntam-se em Portugal para reconstituir a história do que afetou a costa portuguesa em 1755, num trabalho de de detetives sobre o que aconteceu há séculos.

O geólogo português Pedro Costa, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, disse à Lusa que com este estudo se consegue reconstituir até onde as ondas invadiram terra, quantas ondas se sucederam e a altura que atingiram.

É o primeiro simpósio internacional para estudar as evidências geológicas do tsunami que se seguiu ao terramoto de 1755 e juntará, de domingo até quinta-feira, estudiosos portugueses, norte-americanos e britânicos, que farão visitas de campo em Lisboa e no Algarve.

Em algumas partes do sistema costeiro ainda são visíveis os efeitos do tsunami e estudar os sedimentos permite perceber o período de retorno entre tsunamis, o que ajuda a estabelecer qual a sua periodicidade.

Os depósitos de sedimentos na costa portuguesa são dos mais complexos já estudados: há blocos de pedra do tamanho de carros que foram arrastados centenas de metros para terra, acabando por ficar vários metros acima da sua cota de origem, referiu.

Na areia também ficou gravado o “filme dos acontecimentos” do tsunami de 1755, revelado por técnicas como a tomografia axial computorizada (TAC), também usada para exames médicos, a que são sujeitas as amostras.

As areias de terra, arrastadas pelas marés que avançaram com o tsunami e depois retrocederam, permitem perceber até onde chegaram, contando “a história da vida de cada grão”.

Pedro Costa referiu que o estudo deste tema deu um salto decisivo com o tsunami de 2004 no oceano Índico, que matou milhares de pessoas. “Houve muito mais dinheiro, não para Portugal, e as técnicas avançaram muito, foi um salto qualitativo extraordinário”, salientou.

A organização é da Universidade de Lisboa e do Instituto Dom Luiz, que esperam 75 investigadores de 18 países, com especialidades que vão da geologia à matemática e física, e ainda membros da proteção civil.

Smithsonian “mostrou como foi” destruição de Lisboa

Em 2014, o Smithsonian Channel dedicou um episódio do programa “Perfect Storms” aos trágicos eventos que em 1755 destruíram Lisboa, tendo exibido um documentário com o título “God’s Wrath”, “A Ira de Deus, que faz uma reconstrução do terramoto, maremoto e incêndio que então ocorreram.

“A 1 de Novembro de 1755, no Dia de Todos os Santos, com milhares de velas acesas nas casas, capelas e igrejas, um choque de placas tectónicas ao largo de Lisboa provoca um terramoto, subsequente maremoto, e centenas de incêndios. A tragédia provocou milhares de mortos e causou grande destruição em Lisboa”, explica o documentário.

// Lusa

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