Especialista sugere que homens congelem esperma aos 18 anos

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Jovens de 18 anos deveriam congelar amostras do seu esperma para o caso de decidirem ter filhos mais tarde na vida, tendo em conta os riscos associados à paternidade tardia, argumenta um especialista britânico em bioética.

De acordo com Kevin Smith, da Universidade de Abertay, no Reino Unido, à medida que os homens envelhecem, o esperma oferece mais riscos de autismo, esquizofrenia e outros distúrbios no feto gerado.

Contudo, a ideia desperta críticas e está longe de ser uma unanimidade. A Sociedade Britânica de Fertilidade argumenta que a ideia proposta por Smith “traz uma abordagem muito artificial à procriação” e pede, em vez disso, mais apoio para os jovens casais que têm de conciliar trabalho e família.

Em Inglaterra e no País de Gales, a idade média dos pais aumentou de 31 anos, no início dos anos 1990, para 33 atualmente.

Num artigo no Journal of Medical Ethics, Smith argumentou que mesmo pequenos aumentos nos riscos de doenças genéticas podem ter consequências significativas se avaliadas à escala nacional.

BBC

O especialista em bioética Kevin Smith, da Universidade de Abertay, no Reino Unido

“Do ponto de vista da sociedade, precisamos preocupar-nos com isso – é um efeito acentuado”, afirmou Kevin Smith à BBC. “Está na altura de pensarmos com seriedade na questão da idade dos pais e nos seus efeitos na próxima geração de crianças.”

O especialista sugere a criação de um banco de esperma através do sistema público de saúde britânico para que os homens mais velhos possam recorrer aos seus próprios espermas recolhidos na juventude – idealmente, à volta dos 18 anos.

Smith explica que não há uma idade fixa para que alguém seja considerado um “pai mais velho”, mas recomendaria às pessoas na casa dos 40 anos que recorressem a esses eventuais bancos de esperma.

Críticas

Para Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield, “essa é uma das sugestões mais ridículas que ouvi em muito tempo”, argumentando que o risco da paternidade tardia “é na verdade muito pequeno”.

“Sabemos que o esperma da maioria dos homens não congelará bem – uma das razões pelas quais há uma baixa oferta de dadores de esperma”, acrescenta.

“Homens que congelarem o seu esperma aos 18 anos e recorrerem a ele mais tarde estariam, na prática, pedir às suas parceiras que se submetessem a um ou mais procedimentos de fertilização in-vitro para criar uma família”.

Adam Balen, presidente da Sociedade Britânica de Fertilidade, discorda da necessidade de um banco de esperma universal e adverte que o esperma congelado é menos fértil.

“Não apenas a procriação é abordada de forma muito artificial, como também dá uma falsa sensação de segurança, já que a tecnologia não garante um bebé ao dador”, afirma.

“Não acho que devamos aconselhar todos os homens e mulheres a congelarem os seus óvulos e esperma devido a incertezas no futuro, mas sim dar apoio aos jovens casais que precisam trabalhar e têm filhos pequenos – isso pode exigir uma mudança de mentalidades na sociedade.”

Balen cita os países da Escandinávia, conhecidos pelo sistema de apoio a crianças pequenas e pelas longas licenças de maternidade e paternidade.

Sheena Lewis, especialista em fertilidade, acha que “os homens deveriam começar a pensar nas suas famílias mais cedo do que atualmente – é uma ideia muito melhor, para os homens e para as mulheres, terem os seus filhos aos 20 ou 30 e poucos anos”.

ZAP / BBC

1 Comment

  1. O problema não se resolve com congelação do esperma. Acho que isso apenas se adia o problema. Mas achei inteligente e oportuno que os briânicos digam que o verdadeiro problema é a falta de incentivos para defender economicamente os jovens para que tenham a possibilidade a ter filhos cedo, se quiserem. Muito bom!!

    É o que se chama resolver o problema pela raiz desde o principio sem criar mais adiamentos do problema, mais anos, mais discussões sobre a razão por trás de outra razão.

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