A escolha do Qatar para receber o Mundial foi um erro, assume Blatter

1

Ennio Leanza / EPA

O ex-presidente da FIFA, Joseph Blatter

Com menos de um mês para o início do Campeonato do Mundo no Qatar, o ex-Presidente da FIFA Joseph Blatter admite que a atribuição da organização do torneio ao Qatar foi um erro.

“O futebol e o Mundial são grandes demais para isso. Foi uma escolha errada e eu era responsável por isso, como presidente da FIFA, na altura”, disse o suíço em entrevista à Tamedia.

Blatter salientou que o plano inicial era atribuir o Mundial de 2018 à Rússia e o de 2022 aos Estados Unidos. “Teria sido um gesto de paz se esses dois adversários políticos tivessem organizado o Mundial um depois do outro”, realçou.

A realidade é que ainda antes da escolha, Blatter tinha dito que estava na altura de o Mundial ir para um país árabe. A votação para a escolha do Qatar teve quatro rondas, com a nação árabe a reunir 14 votos, à frente dos Estados Unidos, com oito.

Ainda em 2013, Joseph Blatter falou de “influências políticas” na decisão do Mundial 2022 realizar-se no Qatar e disse ter sido um erro devido às condições climatéricas. O calor extremo no país durante o verão obrigou a que a competição fosse organizada durante o inverno.

Desde preocupações sobre o alojamento à falta de infraestruturas perto dos estádios, a organização do Mundial de 2022 tem ainda várias falhas por resolver a pouco tempo do arranque oficial.

O Qatar tem sido muito criticado pelas condições de trabalho dos trabalhadores estrangeiros, na maioria de países do sul da Ásia. Muitos morreram nos trabalhos, sem condições de segurança eficazes, com calor extremo, com as autoridades locais a não divulgar dados oficiais sobre o que aconteceu.

Foi noticiado que pelo menos 6.500 trabalhadores estrangeiros já morreram nas obras para a preparação do Mundial, com muitos a padecer de esgotamentos ou golpes de calor e a Amnistia Internacional tem denunciado vários vezes que há violações de direitos humanos.

Homossexualidade é um “problema mental”

Khalid Salman, um dos embaixadores da competição no Qatar, salientou que não é um “muçulmano conservador”, mas disse que a homossexualidade é considerada ilegal no país, pelo que os adeptos terão de se “comportar de acordo com as suas regras”.

Em entrevista à televisão alemã ZDF, Salman foi confrontado com o jornalista sobre as motivações que justificam a ilegalidade, ao que o ex-futebolista respondeu que a homossexualidade é um “problema de saúde mental”.

De acordo com a Reuters, a entrevista foi de imediato suspensa por um responsável pelo evento.

O Mundial de 2022 arranca no próximo dia 20 de novembro e termina a 18 de dezembro.

Daniel Costa, ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.