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A erosão das montanhas também emite CO2 para a atmosfera

Christoph Strässler / Flickr

Ol Doinyo Lengai, a “Montanha de Deus”

O processo de erosão nas montanhas também pode ser uma fonte de gás CO2, que se liberta para a atmosfera muito mais depressa do que a absorção pela rocha recém-exposta.

A conclusão é de um novo estudo dirigido por investigadores da Instituição Oceanográfica Woods Whole (WHOI), publicado em abril na revista Science.

“Isto vai contra uma velha hipótese de que mais montanhas significam mais erosão e desgaste, o que significa uma redução adicional do dióxido de carbono. Afinal é muito mais complicado do que isso”, disse o autor principal do estudo, Jordon Hemingway.

A fonte deste CO2 extra não é completamente geológica. Pelo contrário, é o subproduto de pequenos micróbios nos solos das montanhas que “comem” fontes antigas de carbono orgânico que ficam presas na rocha. À medida que os micróbios metabolizam estes minerais, produzem dióxido de carbono.

Os investigadores chegaram a esta conclusão depois de estudar uma das cadeias montanhosas mais propícias à erosão no mundo: a faixa central de Taiwan. Esta cordilheira de encostas íngremes é atingida por mais de três tufões por ano, cada um dos quais corrói mecanicamente o solo e a rocha através do fortes chuvas e ventos.

Hemingway e a sua equipa examinaram amostras de solo, da rocha mãe e dos sedimentos fluviais da área central, à procura de indícios reveladores de carbono orgânico na rocha.

“Na parte inferior do perfil do solo, basicamente temos rocha sem meteorização. No entanto, quando alcançamos a base do solo, a capa, vemos rocha solta mas que ainda não está completamente fragmentada, e neste ponto o carbono orgânico presente no leito rochoso parece desaparecer por completo”, assinala num comunicado. Nesse ponto do solo, a equipa também notou um aumento nos lípidos que se sabe virem das bactérias.

“No entanto, ainda não sabemos exatamente que bactéria está a fazer isto. Para o sabermos precisaríamos de ferramentas genómicas, metagenómicas e microbiológias que não estamos a usar neste estudo. Mas esse é o passo seguinte na investigação”, disse o geoquímico marinho Valier Galy.

O grupo percebeu rapidamente que o nível total de CO2 libertado por estes micróbios não é suficientemente severo para ter um impacto imediato nas alterações climáticas. No que toca às alterações climáticas, este processos têm lugar em escalas de tempo geológicas.

A investigação da equipa de WHOI pode conduzir a uma melhor compreensão de como funcionam realmente os ciclos de carbono baseados em montanhas, o que poderia ajudar a gerar pistas sobre como se regulou o CO2 desde a formação da Terra.

“Olhando para trás, estamos mais interessados em como este processos conseguiram manter níveis de CO2 na atmosfera mais ou menos estáveis ao longo de milhões de anos. Permitiram que a Terra tenha o clima e as condições que tem, que promoveram o desenvolvimento de formas de vida complexas. Ao longo da história da terra, o dióxido de carbono desconcertou-se com o tempo, mas manteve-se sempre nessa zona estável. Isto é só uma atualização do mecanismo dos processos geológicos que permitem que isso suceda”.

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