“Idade da Madeira”. Encontrados vestígios das primeiras casas de madeira com quase 500 mil anos

Larry Barham et. al

O artefacto encontrado e datado por arqueólogos das Universidades de Liverpool e Aberystwyth (País de Gales)

Foi encontrada, na Zâmbia, a primeira evidência de uma estrutura de uma construção feita com troncos de árvores. Tem quase meio milhão de anos – do tempo da “Idade da Madeira”.

A “Idade da Pedra” é, afinal, a “Idade da Madeira”.

Ao que parece, o ser humano já faz construções com troncos de árvores há quase meio milhão de anos, quando, pelo contrário, se pensava que, naquele tempo, a madeira apenas lhe servia para fazer fogo, armas e outro tipo de utensílios.

Foi encontrada, no sítio arqueológico de Kalambo Falls, na Zâmbia, a estrutura de madeira mais antiga do mundo, com cerca de 476 mil anos.

Em 2019, uma equipa liderada por Larry Barham, da Universidade de Liverpool, descobriu um artefacto de madeira que, inicialmente, se pensava que era uma ferramenta de escavação.

À medida que as escavações continuaram, encontraram um tronco de 1,4 metros, sobreposto a um tronco ainda maior, indicando que seria parte de uma grande estrutura de madeira.

Através de uma técnica chamada “luminescência pós-infravermelho”, Geoff Duller, da Universidade de Aberystwyth e outro integrante da investigação, datou os artefactos em cerca de 476.000 anos, antes do aparecimento da nossa espécie.

Acredita-se que os “engenheiros” desta construção pertenciam à espécie humana anterior ao homem moderno. No entanto, a função exata dessa estrutura de madeira ainda é incerta.

“Análises individualizadas de marcas de cortes de ferramentas de pedra na madeira mostram que esses primeiros humanos moldaram e uniram dois grandes troncos para formar uma estrutura, provavelmente a fundação de uma plataforma ou parte de uma habitação“, pode ler-se no artigo.

Independentemente da sua finalidade, a descoberta oferece uma perspetiva sobre a importância da madeira para os humanos antigos, levando Larry Barham, autor principal do estudo, publicado esta quarta-feira, na Nature, a ponderar se, em vez da “Idade da Pedra”, deveríamos considerar mais apropriado referirmo-nos a uma “Idade da Madeira”.

“Esta descoberta mudou a forma como penso sobre os nossos primeiros ancestrais. Esqueçam o rótulo ‘Idade da Pedra’, vejam o que essas pessoas criaram: fizeram algo novo e grande com madeira. Usaram a sua inteligência, imaginação e habilidades para criar algo que nunca tinham visto antes, algo que nunca existira”, enalteceu o arqueólogo Larry Barham.

Miguel Esteves, ZAP //

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