A análise química sugere que o fóssil Prototaxites, com 400 milhões de anos, não era uma planta, um animal ou um fungo – sugerindo ter havido uma forma de vida misteriosa que se extinguiu há muito tempo.
Um novo estudo revelou que um organismo antigo e bizarro que se pensava ser um fungo gigante pode, afinal, pertencer a uma forma de vida nunca antes vista.
O Prototaxites, que viveu entre 420 milhões e 375 milhões de anos atrás, foi a primeira forma de vida terrestre gigante a habitar a Terra. Desenvolveu estruturas semelhantes a troncos com até 8 metros de altura e 1 metro de largura.
De acordo com o estudo publicado esta semana no bioRxiv este organismo acabou por se extinguir misteriosamente.
Como escreve a New Scientist, os fósseis foram descobertos pela primeira vez em 1843 e pensou-se inicialmente que eram troncos de coníferas apodrecidas. A sua classificação tem sido, desde então, objeto de intenso debate.
Em 2007, investigadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, teorizaram, com base nos isótopos de carbono dos fósseis, que se tratava de uma espécie de fungo. Sugeriu-se que os prototaxitas obtinham carbono de outros organismos vivos, como fazem os fungos, em vez de retirarem dióxido de carbono do ar, como as plantas.
Mas o novo estudo desmente essa tese. O Prototaxites não é um fungo e, além disso, não se enquadra em mais nenhuma das linhagens de vida existentes.
O que distingue este organismo?
Esta investigação centrou-se numa espécie do grupo, Prototaxites taiti, que foi encontrada na Escócia. A P. taiti era muito mais pequena do que algumas das espécies gigantes de Prototaxites.
A estrutura do P. taiti era composta por tubos, tal como a de um fungo, mas os seus tubos ramificavam-se e ligavam-se de formas diferentes das dos fungos.
Descobriu-se ainda que a assinatura química deixada nos fósseis de Prototaxites é completamente diferente da assinatura química deixada pelos fungos sujeitos aos mesmos processos de fossilização.
Os Prototaxites não continham quitina, um componente estrutural fundamental nas paredes celulares dos fungos. Em vez disso, os componentes químicos que identificaram eram mais semelhantes aos produtos de fossilização da lignina, um polímero encontrado no tecido vegetal lenhoso.
No artigo, que ainda falta ser revisto por pares, os investigadores explicam que o grupo Prototaxites é definido por três caraterísticas principais:
- a formação de grandes estruturas multicelulares de vários tipos de tubos;
- uma composição rica em compostos semelhantes à lenhina mas distintos da matéria vegetal;
- e alimentavam-se de material orgânico em decomposição.
Os investigadores afirmam que estas três caraterísticas distintivas chave dos Prototaxites não são conhecidas em conjunto em mais nenhuma linhagem viva.
“Sugerimos que é melhor considerá-lo como membro de um grupo de eucariotas anteriormente não descrito e totalmente extinto“, escrevem.
Só ainda ninguém sabe porque é que o Prototaxites se extinguiu, apesar de haver algumas teorias. Há cientistas que sugeremque foi ultrapassado por fungos; outros dizem que foi vencido pela rápida explosão de arbustos e árvores.