Empresas tecnológicas portuguesas captam mais de mil milhões de euros de financiamento, graças ao talento e aposta internacional desde o primeiro dia.
As empresas tecnológicas com ADN português nunca tinham conseguido atrair tanto capital num só ano. 2021 ainda não acabou, e estas companhias já conseguiram arrecadar 1,1 mil milhões de euros em injeções de capital, em mercado privado.
Superaram, pela primeira vez, o patamar de “unicórnio” que avalia estas empresas em, pelo menos, 883,5 milhões de euros, de acordo com o Jornal de Notícias.
As principais razões de sucesso, junto dos investidores, são a qualidade, o talento e o pensamento de mercado orientado para o estrangeiro.
Empresas com ADN português como a Talkdesk, SWORD Health, Feedzai, Remote e OutSystems, são as que mais contribuíram para bater este recorde.
Segundo o Dinheiro Vivo, as cinco tecnológicas também têm em comum serem “unicórnios” nacionais. A Farfetch foi a primeira empresa a atingir esse estatuto, em 2015, mas é cotada em bolsa nos Estados Unidos, desde 2018.
Concentraram um total de 992 milhões de dólares – 874,6 milhões de euros, de acordo com o câmbio atual – de financiamento, nos últimos 12 meses, mostra a plataforma Dealroom.
António Miguel, sócio-gerente da empresa de investimento Maze, realça que o investimento em tecnológicas triplicou de 41 para 121 mil milhões de euros, de 2020 para 2021, sendo que o recorde português acompanhou a tendência europeia.
No entanto, o especialista do fundo da Fundação Calouste Gulbenkian nota que “há uma maior concentração do financiamento em menos empresas“.
Este ano houve 112 rondas de investimento, comparando com 116, em 2020, e 141, em 2019 – que detém o recorde em número de operações.
Alexandre Santos, fundador da capital de risco Chamaeleon, acredita que a aposta em tecnológicas também se deve ao “reforço na aposta em classes alternativas de investimento”, devido ao “longo contexto de taxas de juro baixas“.
O investidor assinala ainda que “a pandemia e uma maior preocupação com o futuro do planeta vieram acelerar um conjunto de tendências e apetite crescido por investir em projetos mais inovadores e disruptivos“.
Os investidores nas tecnológicas de ADN português estão concentrados na Europa e nos Estados Unidos. Quanto mais avançada é a etapa de financiamento, maior é a predominância do capital de risco internacional.
Para além dos “unicórnios”, houve mais cinco tecnológicas nacionais que conseguiram mais de dois dígitos nas injeções de capital: Jscrambler, AceCann, Casafari, Statio e Infraspeak.