As empresas de comunicações na Índia querem ser compensadas financeiramente pelas empresas de tecnologia.
As empresas ligadas à internet deveriam deixar uma contribuição às empresas de comunicações, pela internet que consomem.
A proposta invulgar surgiu na Índia, o país com mais habitantes (1.43 mil milhões) e que é o segundo maior mercado do mundo da internet sem fios.
A maior companhia de telecomunicações da Índia, a Jio, sugeriu ao regulador local que as empresas de tecnologia, ligadas à internet, deveriam compensar financeiramente as empresas de comunicações. As contas seriam baseadas no tráfego de net, no seu volume de negócios e no número de utilizadores.
Seria uma medida “justa”, segundo a Jio, que acrescentou que, além de ter o apoio de outros operadores locais (como a Vodafone-Idea), há um “quase consenso” entre as operadoras de telecomunicações em todo o planeta.
Ou seja, reforça o TechCrunch, esta proposta já está a ganhar força noutros países. Há operadores na Europa e na Coreia do Sul a ponderarem a mesma sugestão.
Mas, mesmo sem sair da Índia, há um “jogo de interesses” que terá de ser resolvido: as empresas de telecomunicações têm parcerias directas com os gigantes da tecnologia. Por exemplo, a própria Jio tem parceria com a Netflix e com a Microsoft, além de ter a Google e a Meta na sua lista de investidores minoritários.
O que pode ser colocado em causa nesta medida – se avançar – é a neutralidade da rede. Mas a Jio já assegurou que essa novidade iria manter a internet pública acessível e disponível para todos de forma equitativa; sem “favores” ou condicionantes na casa de cada utilizador.
Além disso, as empresas tecnológicas lembram que as receitas dos operadores de telecomunicações subiram também graças aos negócios precisamente das empresas tecnológicas. E, se pagarem pela rede, os investimentos em inovação podem descer e a factura para o consumidor pode subir.