A empresa britânica de videojogos Kwalee vai investir 10 milhões de euros nos próximos cinco anos em Portugal e já abriu uma base tecnológica em Almada. É mais uma empresa desta área a instalar-se num país sem tradição nesta indústria.
O diretor de tecnologia da Kwalee, Pedro Caria, refere à Lusa que a empresa tem atualmente quatro pessoas a trabalhar em Portugal, mas que o espaço em Almada pode acolher até “cerca de 15 pessoas”.
“Mas não temos realmente limite”, sublinha o português, lembrando que a Kwalee tem 170 postos de trabalho disponíveis “em todo o mundo”. “A partir do momento que começa a haver uma equipa local, torna-se mais fácil atrair outras pessoas”, acrescenta.
Durante a pandemia, a empresa aumentou a sua força de trabalho de 50 pessoas para mais de 200, tendo ainda aberto um terceiro estúdio, na Índia, a juntar a escritórios na China e no Reino Unido.
Com as mudanças do Brexit, “algumas coisas ficaram ligeiramente mais difíceis” e tornou-se “um bocadinho mais burocrático” contratar estrangeiros, admite Pedro Caria.
2010 foi ano decisivo para indústria de videojogos em Portugal
A Kwalee sempre teve como objetivo abrir um escritório na União Europeia, para “apanhar mais talento da Europa”, e “pareceu muito óbvio este investimento em Portugal”, diz o executivo.
“Desde há volta de 10 anos” que a indústria de videojogos tem crescido em Portugal, assim como “a quantidade e qualidade” de pessoal formado em tecnologia, incluindo gestão de servidores e análise de dados, acrescenta Pedro Caria.
O diretor de tecnologia da Kwalee aponta a abertura de um escritório da Miniclip, uma outra empresa britânica de videojogos, em Lisboa, em 2010, como um passo decisivo.
“Obviamente que é uma empresa grande, trouxe muitos criadores de jogos e, aliás, contratou muitos dos criadores que existiam”, lembra o executivo.
Em Março passado, a Miniclip anunciou a abertura de um segundo escritório em Portugal, no Taguspark, em Oeiras, com capacidade para acolher até 350 trabalhadores.
Pedro Caria mudou-se para o Reino Unido há cerca de uma década, precisamente “porque queria ir para a indústria de jogos e não havia hipótese em Portugal. Na altura era impossível”.
“Hoje em dia toda a gente tem uma loja no bolso”
O diretor de tecnologia da Kwalee diz que, entretanto, a situação mudou completamente, em parte devido à “democratização da tecnologia”.
“Antigamente mais de metade da estrutura de uma empresa de jogos eram vendedores e equipas de marketing a tentar vender os produtos. E depois a logística, o armazém, os produtos físicos”, recorda o executivo.
“Hoje em dia toda a gente tem uma loja no bolso”, sublinha Pedro Caria. “Isso também quer dizer que pequenos criadores podem fazer projectos sozinhos e depois fazerem parcerias com empresas maiores”, realça.
“O custo para as universidades terem este tipo de curso também baixou”, acrescenta o director de tecnologia da Kwalee, graças ao aparecimento de motores de jogo – programas para desenvolver videojogos – com acesso gratuito.
“Todas estas coisas tornaram muito mais fácil a abertura do negócio de jogos num país que não tem tradição, como Portugal”, conclui Pedro Caria.
ZAP // Lusa