Em discurso de pré-campanha, Costa critica Rio, iliba o Governo e rejeita soluções governativas provisórias de Bloco Central

Nuno Veiga / Lusa

Depois de a possibilidade de um Governo de dois anos formado por PS e PSD ter sido admitida por Rui Rio durante a campanha para as diretas, António Costa vem agora eliminar tal hipótese.

No mesmo dia em que a comunicação social noticiava a ausência de Francisco Assis das listas dos candidatos a deputados pelo PS, António Costa dirigiu-se ao Fórum Nacional do partido, que se realizou este fim de semana na Alfândega do Porto, para, entre outros tópicos, estabelecer as diferenças entre os socialistas e os sociais-democratas no que respeita a divergências internas. Apesar de nunca referir diretamente o nome de Rui Rio, o secretário-geral do PS defendeu que no seu partido “nunca houve tradição de excluir quem quer seja”.

“Sabemos viver a nossa vida interna de uma forma democrática, sabendo sempre superar essas divergências numa unidade democraticamente resolvida, nunca houve no PS tradição de excluir quem quer que seja por pensar diferente. A preocupação que tivemos sempre desde a fundação foi pelo contrário integrar, unir”, afirmou, remetendo a pluralidade do PS para a figura de Mário Soares.

Atualmente, Francisco Assis — que na fase inicial da Geringonça foi muito crítico da solução governativa — é presidente do Conselho Económico e Social e, apesar de o seu nome não constar nas listas, Manuel Pizarro já veio dizer que este não está “excluído” e que o partido conta com ele.

Marcadas as diferenças entre PS e PSD, António Costa prosseguiu para explicar o porquê de não ser viável — e aconselhável — um entendimento provisório entre os dois partidos, realçando a necessidade de estabilidade para o país, a qual deverá provir de um resultado eleitoral claro.

“Para garantir que o país não fica adiado nem parado, não podemos ter soluções de remendo, provisórias de um governo para dois anos. O país precisa mesmo de estabilidade para executar estas políticas ao longo dos próximos quatro anos. A nossa ambição é mesmo essa, que o país tenha a estabilidade por quatro anos”, disse, citado pelo Expresso.

Com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, lembrou o secretário-geral do PS, ficaram para trás “medidas como o investimento de 750 milhões de euros no SNS, o aumento extra de pensões e também medidas de combate à pobreza infantil. Adiou muita coisa, mas há uma que não podemos consentir, é que o país fique adiado e que o país fique parado”, esclareceu António Costa.

Novamente em tom de campanha eleitoral, o secretário-geral do PS afirmou que “estas não são eleições como as outras, devido à pandemia, mas também à urgência do país aproveitar e implementar fundos europeus em “contrarrelógios“. “Foi-nos imposto uma pausa, tem rapidamente que se transformar em ação. Não nos podemos deixar vencer pelo vírus na ação política. Há vida além da covid.”

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