A extrema-direita venceu a primeira volta das eleições legislativas francesas com mais de 33% dos votos. Em segundo lugar esta a coligação de esquerda Nova Frente Popular com 28%. E o partido de Macron em terceiro com 20%.
A União Nacional (Rassemblement National (RN)) de Marine Le Pen venceu a primeira volta das eleições francesas, este domingo.
Pela primeira vez em França, a extrema-direita pode governar.
As primeiras projeções divulgadas ao início da noite já apontavam para uma vitória do RN, liderado por Jordan Bardella, com mais de 33% dos votos, quase o dobro dos 18% alcançados na primeira volta das legislativas de 2022.
A extrema-direita ficou à frente da aliança de esquerda Nova Frente Popular, que segundo as sondagens à boca das urnas contará com um resultado com cerca de 28% dos votos.
A uma distância ainda maior ficou o Juntos para a República – partido do campo do Presidente francês Emmanuel Macron – com 20%.
“O bloco macronista” está “praticamente aniquilado”, afirmou Marie Le Pen, apelando ao povo francês para que dê ao partido de extrema-direita “uma maioria absoluta”.
Os franceses mostraram “o seu desejo de virar a página de sete anos de poder desdenhoso e corrosivo” do chefe de Estado Emmanuel Macron, disse Le Pen.
Jordan Bardella apelou à mobilização dos eleitores para a segunda volta, salientando que vai ser “uma das mais determinantes da história” e que os franceses deram este domingo um “veredicto indiscutível”.
“Os franceses, três semanas depois das eleições europeias, deram um veredicto indiscutível e mostraram claramente que querem uma mudança”, afirmou Jordan Bardella num discurso no pavilhão Wagram, no 17.º bairro de Paris.
Ainda assim, é de salientar que resultado da União Nacional nestas legislativas foi menos expressivo do que nas europeias.
Primeiro-ministro faz apelo
O primeiro-ministro francês e candidato pela coligação presidencial de Macron, Gabriel Attal, apelou aos eleitores para que não deem “nem um único voto” à União Nacional na segunda volta.
“Digo isto com a força com que apelo a todos e a cada um dos nossos eleitores, nem um voto deve ir para a União Nacional, nestas circunstâncias, a França merece que nunca hesitemos”, disse Gabriel Attal, numa intervenção após a projeção dos resultados das eleições legislativas, em Paris.
Segundo o primeiro-ministro, o desafio na segunda volta das eleições legislativas, no próximo domingo, 7 de julho, é “privar a extrema-direita de uma maioria absoluta”, para que seja constituída uma Assembleia Nacional em que o seu partido possa ter “peso suficiente para construir maiorias de projetos e ideias entre as forças republicanas”.
Macron também pediu “uma união ampla claramente democrática e republicana” contra a extrema-direita na segunda volta das legislativas.
Coligação de esquerda deixa avisos
Os dirigentes da Nova Frente Popular Jean-Luc Mélenchon e Olivier Faure anunciaram que vão retirar as suas candidaturas nas circunscrições em que ficaram em terceiro lugar e onde existe risco de ganhar a extrema-direita francesa.
“A nossa estratégia é clara: nem um voto a mais, nem um deputado a mais para a União Nacional “, disse Jean-Luc Mélenchon, líder do movimento de extrema-esquerda França Insubmissa, que forma a Nova Frente Popular juntamente com os socialistas, os comunistas e os ecologistas, numa primeira reação às projeções dos resultados das legislativas em França.
Olivier Faure, líder do Partido Socialista Francês, prometeu também retirar os seus candidatos sempre que houver o risco de vencer a União Nacional.
“Estamos perante um resultado histórico que coloca obrigações”, sustentou Faure, ao lembrar que “pela primeira vez, a extrema-direita pode governar”.
ZAP // Lusa