“Altamente surpreendente”. Elefante-marinho altruísta visto a salvar cria de se afogar

Um elefante-marinho foi observado a salvar uma cria de afogamento. Este ato foi considerado “incrivelmente raro de altruísmo”.

Este salvamento, sem precedentes, que transformou o salva-vidas pinípede num herói, poderá ser o primeiro exemplo registado de altruísmo masculino na espécie.

Os elefantes-marinhos do Norte — Mirounga angustirostris —são as maiores focas verdadeiras do Hemisfério Norte, embora não seja a maior foca do mundo, uma vez que esse título pertence ao elefante-marinho do sul, que pode atingir 6 metros.

Os machos são notoriamente mais agressivos, tendo sido conhecidos por esmagar outros animais, incluindo crias, durante a altura do acasalamento e, geralmente, não se envolvem com as suas crias.

Por sua vez, também evitam gastar energia desnecessária durante a época de reprodução, o que, explica o IFL Science, torna o ato de boa vontade deste animal altamente surpreendente.

Enquanto fotografavam elefantes-marinhos ao longo do Point Reyes National Seashore, na Califórnia, em janeiro de 2022, os investigadores foram surpreendidos ao testemunharem que um elefante-marinho no oceano se dirigia em direção a uma cria que se afogava e que tinha sido separada da mãe pela subida da maré.

Allen et al., Marine Mammal Science, 2024

Os investigadores estimam que a cria tinha menos de duas semanas de vida e notam que “era incapaz de nadar enquanto lutava para manter a cabeça acima da água, chamando”.

A mãe chamou a sua cria, mas não tentou persegui-la, uma vez que esta foi arrastada para o mar. É aqui que entra o elefante-marinho macho, que se virou “instantaneamente e avançou pela areia molhada até às ondas, a nadar rapidamente até à cria que se debatia“.

Nessa altura, o elefante-marinho empurrou-a gentilmente para a costa, usando o seu corpo para a proteger de ser arrastada pela maré.

Depois de reunir com sucesso a mãe e o filhote, o elefante-marinho berrou em triunfo e descansou na areia.

A missão de salvamento durou cerca de 20 minutos.

Segundo a equipa que assistiu, estes esforços do elefante-marinho podem ser qualificados como altruísmo.

“Acreditamos que a nossa nova observação corresponde à definição de um ato altruísta”, escrevem num artigo publicado na Marine Mammal Science.

“O filhote beneficiou do facto de o macho o ter recuperado, evitando que fosse arrastado para o mar e se afogasse porque era demasiado jovem para nadar, e o macho gastou energia num momento crítico que tinha o potencial de afetar a sua condição física”.

O altruísmo masculino nunca tinha sido documentado num elefante-marinho e raramente foi descrito em mamíferos marinhos.

Nunca se saberá o que desencadeou este ato, aparentemente, altruísta — pode muito bem ser um ato isolado — mas os investigadores sugerem que o macho e a fêmea podem ter tido uma relação de parentesco, talvez por terem estado ambos presentes na mesma praia em anos anteriores.

No entanto, sem uma análise genética, isto não pode ser confirmado.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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