Egito proíbe entrada no país de dirigentes da Human Rights Watch

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Hamada Elrasam / VOA / Wikimedia

Apoiantes do ex-presidente do Egipto,  Mohamed Morsi

Apoiantes do ex-presidente do Egipto, Mohamed Morsi

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) anunciou hoje que o diretor foi proibido de entrar no Egito, onde ia apresentar um relatório sobre a repressão dos apoiantes do ex-presidente islamita Mohamed Morsi.

A HRW, com sede em Nova Iorque, qualificou de “prováveis crimes contra a humanidade” a dispersão sangrenta pela polícia e pelo exército, a 14 de agosto do ano passado, de duas manifestações de apoiantes de Morsi.

Oficialmente, perto de 700 pessoas, entre os manifestantes, morreram num só dia.

No domingo à noite, o diretor executivo da HRW, Kenneth Roth, e a diretora da organização para o Médio Oriente, Sarah Leah Whitson, ficaram retidos 12 horas à chegada ao aeroporto do Cairo, antes de lhes ser recusado um visto de entrada por “razões de segurança”, escreveu Sarah Leah Whitson, na sua conta na rede social “Twitter”.

Na terça-feira, os dois responsáveis iam apresentar à imprensa, no Cairo, um relatório de 195 páginas para marcar o primeiro aniversário do “massacre de Rabaa al-Adawiya e do assassínio em massa de manifestantes no Egito”.

“O balanço do massacre de Rabaa é comparável aos de Tiananmen [China] e Andijan”, a repressão ocorrida em 2005 nesta cidade do Uzbequistão, escreveu Kenneth Roth na conta do “Twitter”.

A morte dos manifestantes de Rabaa e Nahda, na maior parte dos casos a tiro, foi o principal ponto de partida de uma repressão que fez, pelo menos, 1.400 mortos entre os manifestantes pró-Morsi, principalmente membros do movimento fundamentalista da Irmandade Muçulmana.

A dispersão de manifestações na praça Rabaa al-Adawiya e Nahda, no centro do Cairo, ocorreram menos de um mês depois do chefe do exército, Abdel Fattah al-Sissi, ter destituído e detido Morsi, o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. Morsi foi eleito um ano e meio após a queda do antigo chefe de Estado Hosni Mubarak.

Na sequência da destituição de Morsi, exigida por milhões de egípcios que se manifestaram nas ruas, além das 1.400 mortos, mais de 16.000 membros da Irmandade Muçulmana e apoiantes foram detidos, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos.

Centenas foram condenados à morte, em rápidos processos judiciais, qualificados pela ONU “sem precedentes na História mundial recente”.

Ao mesmo tempo, a quase totalidade da Irmandade Muçulmana, movimento que venceu todas as eleições desde a queda de Mubarak, no início de 2011, foi detida e julgada, alguns condenados à pena de morte.

O “homem forte” do Egito, o marechal Abdel Fattah al-Sissi, dirigia o país depois da destituição e foi eleito presidente em maio, depois de ter eliminado da cena política qualquer oposição, religiosa ou liberal.

/Lusa

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