O efeito Taylor Swift nas eleições dos EUA pode não ser o mais esperado

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Miguel A. Lopes / Lusa

Taylor Swift em concerto no Estádio da Luz, em Lisboa.

Há quem acredite que o apoio público de Taylor Swift a Kamala Harris pode ser decisivo para as eleições presidenciais nos EUA. Mas o efeito pode não ser necessariamente o mesmo em todos os  fãs da cantora.

A publicação onde Taylor Swift anunciou o apoio a Kamala Harris já obteve quase 11 milhões de “likes”. E o site governamental Vote.gov, onde os eleitores podem obter informações sobre como se registar e votar, recebeu um recorde de 405 mil visitantes depois de a cantora ter partilhado o link nas suas redes sociais.

Na semana anterior, o site tinha cerca de 30 mil visitantes por dia.

Já em 2018 e em 2023, a cantora de 34 anos tinha tido o mesmo efeito depois de ter encorajado os seus fãs a registarem-se para votar. Milhares de pessoas seguiram o seu conselho nessa altura.

A questão é se, agora que anunciou o apoio a Kamala Harris, os seus fãs vão seguir o seu exemplo.

O efeito Taylor Swift

O posicionamento da vedeta pop é importante e significativo, como os números ilustram, pois envia “um sinal” às pessoas que se identificam com ela, como constata na ABC News o professor de marketing na Universidade do Michigan, Marcus Collins.

“Este tipo de sinalização social é importante para nós. Ajuda-nos a definir quem somos, a nossa identidade, o que pensar, como nos comportar”, considera Collins.

Mas também pode criar confusão nos fãs mais conservadores da cantora que se podem ver numa situação de “dissonância cognitiva“, com “a sua identidade e a forma como veem o mundo em conflito com outras partes da sua identidade”, analisa ainda o professor de Marketing.

Nesses casos, precisa de haver “algum sentido de reconciliação“, conclui Collins. Só falta saber como será isso feito no que concerne às eleições.

Taylor Swift disse que votaria em Kamala Harris, mas aconselhou os seus fãs a fazerem a sua própria “pesquisa” sobre os assuntos da campanha para decidirem em quem votar.

Para reforçar essa ideia, sublinhou que viu o debate entre Trump e Harris e que se informou sobre as “políticas propostas e os planos” para o país dos dois candidatos.

Também lembrou que o site da campanha de Donald Trump divulgou uma imagem falsa sua, feita com Inteligência Artificial, onde apoiava o candidato republicano.

Reportando-se aos “perigos” da IA e de “espalhar desinformação”, Taylor Swift diz que concluiu que tinha de ser “muito transparente” quanto ao seu posicionamento enquanto votante. “A forma mais simples de combater a desinformação é com a verdade“, salientou.

Assim, anunciou que votaria em Kamala Harris “porque ela luta pelos direitos e causas” em que acredita, justificou também.

 

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Jovens e mulheres brancas podem ser determinantes

Muitos dos fãs de Taylor Swift são jovens, ou “millenials” e da geração Z, com idades entre os 12 e os 43 anos. Alguns deles vão votar pela primeira vez, ou pela primeira vez numa eleição presidencial.

No caso dos mais jovens, é habitual que votem menos do que gerações mais velhas, abstendo-se muitas vezes de participar na vida política. O incentivo de Taylor Swift pode ser determinante para que vão às urnas.

Mas Taylor Swift tem também muitas fãs que são mulheres brancas, muitas das quais têm votado nos Republicanos. Como é que vão, agora, lidar com o apoio da cantora à candidata democrata?

O apoio de uma celebridade faz mesmo diferença?

Ainda não se sabe como é que o efeito Taylor Swift influenciará as eleições, até porque, olhando para o passado recente, nem sempre o apoio de uma celebridade a um candidato ajuda.

Em 2010, um estudo realizado pela Universidade do Estado da Carolina constatou que os apoios dos actores George Clooney e Angelina Jolie não tiveram grande influência nas eleições para o Senado, conforme nota a ABC News.

Mas em 2008, o apoio de Oprah Winfrey a Barack Obama contribuiu para que um milhão de pessoas votassem nele em vez de em John McCain nas eleições presidenciais, conforme um outro estudo realizado pela Universidade Northwestern que é citado pela ABC News.

Entre os estudantes da professora Margaretha Bentley da Universidade do Estado do Arizona que estuda a importância social de Taylor Swift nas suas aulas, alguns disseram-lhe que iam seguir o exemplo da cantora, como conta à ABC News.

Mas outros alunos sublinharam que iam fazer mais pesquisa, nota ainda, realçando que alguns lhe disseram que “ouvem as celebridades quando se trata de que café beber, não de política”.

Susana Valente, ZAP //

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5 Comments

  1. Trump não tem uma Taylor Swift a declarar o seu voto no candidato e isso traduz-se em milhões de votos que a sua adversária Kamala vai receber e ele não. Está-se a desenhar a derrota de Trump, Kamala virou o jogo.

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  2. Vivo nos Estados Unidos desde 1995 (quando nasci), e garanto-lhe que ter a Kamala como presidente não será bom. Prefiro o Trump, sinceramente. Só as pessoas daqui sabem o perigo que seria ter uma esquerdalha comunista como a Kamala a presidir um país com fortes economias e indústrias.

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  3. Na senda de Trump, Ana Maria acha que Kamala é uma “esquerdalha comunista”. Será a atual vice-presidente dos USA, Kamala parecida com Maduro da Venezuela? Com Xi Jiping da China? Com Miguel Diaz-Canel de Cuba? Com Kim Jong-il da Coreia do Norte? Ter-se-ão os Estados Unidos transformado num país comunista com Biden e Kamala Harris no poder e não demos por ela? A resposta é não. Definitivamente K. Harris não é comunista, não defende uma ditadura do proletariado, não impôs uma economia marxista, não defende um partido único condutor das massas, não impôs a suspensão das liberdades individuais, não instituiu a censura na comunicaçãp social, não perseguiu as religiões, não impôs o pensamento único, não nacializou as indústrias ou empresas. O problema da Ana Maria é que repete as palavras de ordem de Trump sem ter conhecimentos ou cultura para as analisar. Definitivamente K. Harris não é uma “esquerdalha comunista” é uma defensora da Democracia, do Estado de Direito e das liberdades individuais.

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  4. Ana Maria, que sabem os americanos, e você, sobre comunismo ou marxismo? Já alguma vez experiementaram? Não, ao contrário de Portugal (por breve período, felizmente) e de tantos outros povos. Apelidar algum político (ou qualquer personalidade) de que não gostam de comunista é um truque baixo de ignorante mal-intencionado.

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