Mais atentos, satisfeitos com a vida e com menos sentimentos de paranoia. Voluntários que tomaram um placebo disseram ter sentido os efeitos psicadélicos do LSD.
Desde o século XVI que o médico suíço Paracelso, conhecido como o “pai da toxicologia”, rapidamente percebeu que químicos que curam em pequenas doses podem ser tóxicos em grandes doses.
O Homem consome substâncias que induzem estados alternativos de consciência desde a antiguidade. Agora, talvez mais do que nunca, as drogas psicadélicas são algo relativamente comum na nossa sociedade, embora o seu consumo seja preservado num manto de obscuridade.
A microdosagem de drogas como o LSD entrou em voga em Silicon Valley, por exemplo. Pequenas quantidades desta droga psicadélica ajudam os empreendedores a concentrar-se.
Uma equipa de investigadores do Centro de Pesquisa Psicadélica do Imperial College London, no Reino Unido, investigou os efeitos psicológicos da microdosagem de LSD numa variedade de problemas de saúde mental em 191 voluntários.
Enquanto uma parte dos voluntários recebeu pequenas doses de LSD, outra parte recebeu um placebo. A falta de controlo de qualidade pode ter um efeito profundo nos resultados, salienta o portal Big Think.
Os resultados, publicados este mês na revista científica eLife, mostraram que os voluntários que tomaram LSD relataram sentir-se mais atentos, satisfeitos com a vida e melhor em geral. Além disso, notaram uma redução nos sentimentos de paranoia.
O surpreendente? O grupo de controlo, que tomou o placebo, sentiu os mesmos efeitos. “Isto sugere que as melhorias podem não ser devido à ação farmacológica da droga, mas podem ser explicadas pelo efeito placebo”, sugere o autor do estudo, Balázs Szigeti.
Já um estudo de 2019 descobriu que 61% dos voluntários que tomaram o placebo sentiram efeitos psicadélicos do LSD, conhecidos como “trips”.
“Vários [voluntários] disseram que viram as pinturas nas paredes ‘a mexerem-se’ ou ‘mudarem de forma’, outros sentiram-se ‘pesados… como se a gravidade tivesse uma força maior’, e um teve uma ‘recaída’ antes de outra ‘onda’ bater”, relataram os cientistas do estudo de 2019.
A equipa de investigadores deste novo estudo acredita que a expectativa terá sido suficiente para os voluntários sentirem os efeitos da droga.