André Kosters / Lusa

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno
O governador do Banco de Portugal alertou este sábado os partidos políticos que devem “ter sempre presente a ideia de estabilidade financeira”, tendo em conta também a previsão de “uma desaceleração da economia nos próximos trimestres”, e que a palavra que domina a análise económica é “incerteza”.
Em entrevista conjunta ao Conversa Capital da Antena 1 e Jornal de Negócios, Mário Centeno disse que a estabilidade financeira é um capital que Portugal adquiriu e que “não pode ser desbaratado” quando se apresentam propostas e medidas para o futuro.
“Não há nenhuma medida em si mesma que seja má, nem espetacular. Elas só funcionam no seu conjunto se, no fim do dia, respeitarem um equilíbrio que o Banco de Portugal desde há muitas décadas sempre sublinhou”, referiu, quando questionado sobre os programas eleitorais dos partidos para as legislativas de 18 de maio.
Segundo o governador do Banco de Portugal, “a palavra que domina a análise económica é a incerteza“, muito graças às medidas de política comercial introduzidas pelos Estados Unidos.
Mário Centeno relembrou ainda que o Banco de Portugal “vem dizendo há décadas que as políticas devem ser contracíclicas e não pró-cíclicas”.
Na mesma entrevista, o governador do Banco de Portugal disse que a economia portuguesa vive “um momento bom, mas em desaceleração”, e e refere-se às novas previsões económicas, que deverão ser divulgadas na primeira semana de junho, como “mais cautelosas do que as de março”.
“Antevemos uma desaceleração da economia nos próximos trimestres que se prolongará em 2026”, disse, sublinhando, no entanto, que “as contas públicas portuguesas estão a beneficiar de uma posição cíclica positiva”, nomeadamente com as contribuições para a Segurança Social, as receitas de impostos e a receita de IRC, “que nunca foi tão grande em Portugal”.
Mário Centeno salienta que nas outras áreas da administração pública as contas são deficitárias e avisa que tem havido uma deterioração do saldo estrutural.
O governador do Banco de Portugal admite que a tendência de descida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu ainda se mantenha por mais algum tempo, mas alerta para descidas intermináveis destas taxas “também são um mau sinal“.
Sobre as decisões recentes da administração Trump, nomeadamente a acérrima guerra comercial que o presidente dos EUA lançou, Centeno frisa que “este tipo de medidas de política económica não pode trazer nada de bom“, tendo-se transformado numa “política de embargo comercial“.
O Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa vai crescer 2,3% este ano, projeção mais otimista do que os 2,1% apontados pelo Governo, e que a inflação vai abrandar para 2,3%.
Segundo o Boletim Económico de março, divulgado no dia 20 do mês passado, o banco central prevê que a economia portuguesa cresça 2,3% este ano, abrandando para 2,1% e 1,7% em 2026 e 2027.
ZAP // Lusa
E o Zé cada vez com mais dificuldades.
Claro que quer estabelidade para continuar a receber os 19000 euros mês.