Ecologistas e abstenção “histórica” ganham eleições municipais em França. Macron sofre pesada derrota

Cugnot Mathieu / EPA

O presidente francês, Emmanuel Macron.

A segunda volta das eleições municipais em França, realizada no domingo, ficou marcada por uma presença expressiva da esquerda ecologista e por uma elevada abstenção do eleitorado, na ordem dos 60%. O partido de Emmanuel Macron sofreu uma pesada derrota numa altura em que o presidente francês é severamente contestado.

A abstenção registou um “nível histórico”, como escreveu a Agência France Press (AFP), com mais de 60% dos eleitores a faltarem na chamada às urnas em tempos de pandemia de covid-19, o que levou o presidente francês Emmanuel Macron a manifestar-se “preocupado com a baixa taxa de participação”.

Dos resultados apurados, Os Verdes impuseram-se na votação como a principal força política de esquerda em França, “sinal de um reposicionamento político que está a acontecer em vários países da Europa, onde os partidos ecologistas, à boleia das questões climáticas, têm tido mais votos”, refere a AFP.

Um dos exemplos aconteceu no município de Paris, onde a presidente da Câmara, a socialista Anne Hidalgo, foi reeleita com mais de 50% dos votos na segunda volta, depois de se ter aliado aos Verdes. Já a ex-ministra da Saúde Agnès Buzyn, a candidata do República em Marcha de Macron, ficou-se pelo terceiro lugar com apenas 13,56% dos votos.

O partido que elegeu Macron em 2017, deverá manter o poder em Toulouse, enquanto a extrema-direita elegeu Louis Aliot, ex-companheiro de Marine le Pen em Perpignan.

Já os ecologistas ganharam em Lyon e em Marselha.

O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, ganhou a segunda volta em Havre, com quase 60% da preferência dos votos, num teste de popularidade que pode não chegar para se manter no Governo. Philippe deu a entender que quer manter-se no Governo e que dará o lugar de presidente de Câmara ao número 2 da sua lista, mas especula-se que Macron poderá promover uma remodelação governamental, dadas as fortes críticas à forma como está a ser gerida a pandemia de covid-19.

A crise de Saúde Pública veio agravar o desagrado dos franceses e aumentar a impopularidade de Macron que já era visível aquando dos protestos dos Coletes Amarelos. Os resultados eleitorais deste domingo são a prova desse descontentamento.

Nenhum dos candidatos do Républica em Marcha conseguiu vencer nas grandes cidades e o jornal francês Le Monde fala de “uma falha amarga” para o partido de Macron que foi formado há apenas quatro anos.

A primeira volta das eleições municipais aconteceu a 15 de Março e a segunda volta teve de ser adiada devido à pandemia de Covid-19, fruto dos meses de confinamento imposto no país.

Na segunda volta estavam aptos a votar cerca de 16,5 milhões de eleitores, ou seja, cerca de 39% dos inscritos nos cadernos eleitorais no país, para decidirem sobre os novos executivos municipais em Paris, Marselha, Lyon e Bordéus, entre outras grandes cidades francesas.

ZAP // Lusa

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