Foi um eclipse solar incomum: começou a ser visto esta quarta-feira, 9 de março, e terminou no dia anterior, 8 de março.
Não, o mundo não está a girar ao contrário: o que aconteceu é que a sombra da Lua começou a projetar-se esta quarta-feira em primeiro lugar sobre regiões do Pacífico, sobretudo no oeste da Indonésia, mas logo cruzou a linha internacional de data, o marco imaginário que coincide com o meridiano 180°, entrando na área onde ainda era terça-feira.
Para além desta curiosidade, tratou-se de um eclipse solar total, fenómeno astronómico que não ocorre com frequência. O mais recente ocorreu em março de 2015, e antes disso em novembro de 2012.
Os cidadãos de algumas partes da Indonésia – em especial da província de Belitung – foram os sortudos que desta vez puderam apreciar plenamente este fenómeno que ocorre quando a Lua se interpõe entre a Terra e o Sol, projetando uma faixa de sombra de 100 a 150 km de largura sobre a superfície terrestre.
O eclipse começou às 6h19 locais (23h19 de terça-feira, em Lisboa), quando a Lua começou a passar diretamente à frente do Sol.
Nesta ocasião, também é possível apreciar, da Terra, a chamada coroa solar, jatos que parecem projetar-se atrás da Lua.
Em regiões da Austrália, do sul da China e do sudeste da Ásia, bem como no Havai e no Alasca, também foi possível ver um eclipse parcial do Sol, como se faltasse um pedaço dessa estrela.
Segundo a NASA, o eclipse deveria durar três horas, mas o período depende da localização do observador. Os lugares onde o eclipse foi visto ficaram totalmente às escuras entre 90 segundos e 4 minutos.
Quem não estava nas regiões do eclipse tinha a possibilidade de aceder ao site da NASA, que transmitiu o fenómeno em direto, visto desde a Micronésia.
Oportunidade científica
Os investigadores da NASA aproveitaram o eclipse para estudar a física do Sol.
A partir da Indonésia, usaram um instrumento chamado câmera de polarização para captar 59 exposições do Sol em três minutos, com o objetivo de recolher dados sobre a parte inferior da atmosfera solar, que é mais quente do que a superfície do astro.
Essa área pode ser vista durante os eclipses totais do Sol, quando a superfície brilhante do astro está totalmente bloqueada pela Lua.
Os especialistas consideram que a parte inferior da atmosfera do Sol, a coroa, contém a chave de vários mistérios, incluindo a formação de nuvens explosivas de material solar, conhecidas como ejeções de massa coronal, e o fato de a coroa ser mais quente do que a superfície solar.
“A física interessante está na atmosfera do Sol”, disse Nelson Reginald, do Centro de Voos Espaciais Goddard, em Maryland, nos EUA.
ZAP / BBC
A coroa solar é a parte exterior da atmosfera solar e não a parte inferior. Aliás nem fazia sentido esperar que a Lua tapasse o disco solar para estudar a zona interior desse disco (que está obviamente tapada durante o eclipse total).