Não são só os chatbots. Também as personagens fictícias são um vício dos mais novos. Os pais não sabem como é que os filhos usam a IA.
Como parte de um novo estudo que será apresentado no Simpósio IEEE sobre Segurança e Privacidade, uma equipa de investigadores entrevistou sete adolescentes e treze pais sobre a sua utilização de IA (inteligência artificial) e perceções da tecnologia.
Para além disso, analisou ainda milhares de publicações no Reddit de outros adolescentes.
Os resultados demonstram que os pais não fazem de ideia de como os filhos utilizam a IA. A maior parte os mais velhos acreditava que os seus filhos usavam a tecnologia essencialmente para fins de pesquisa de informação. E isso não é verdade.
A maior parte dos ais novos admitiu utilizar a tecnologia como forma de obter apoio emocional, com fins terapêuticos, conta o The Byte. Para além disso, os jovens utilizam a IA não apenas para terem um “amigo” virtual, como também
“É um tópico muito quente, com muitos adolescentes a falarem da Character.AI e da forma como a estão a utilizar”, escreveu o autor principal do estudo, Yaman Yu, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, num comunicado.
Na verdade, o epicentro da IA orientada para os jovens é o Character.AI, um serviço online que aloja chatbots personalizados. Muitos deles imitam personagens populares de jogos de vídeo e anime, enquanto outros são explicitamente orientados para o romance.
Nos últimos tempos, o serviço tem sido alvo de várias críticas, e até está a ser alvo de um processo judicial por falta de moderação nas conversas com os jovens , depois de um adolescente ter cometido suicídio enquanto conversava com uma personagem.
“Apercebi-me de que perco demasiado tempo com a Character.AI”, disse mesmo um dos adolescente. “Gostaria de poder conversar com os meus colegas na escola”. No Reddit, os investigadores encontraram mesmo comentários de jovens que comentavam não serem capazes de lidar com os seus pensamentos suicidas sem ajuda da tecnologia.
Os pais não tinham noção desta situação: oito dos treze adultos disseram que a sua única exposição à IA foi através da utilização do ChatGPT (muito mencionado também entre os jovens) e nenhum deles tinha utilizado o CharacterAI.
“As tecnologias de IA estão a evoluir muito rapidamente, assim como a forma como as pessoas as utilizam”, afirmou o coautor do estudo, Yang Wang, da UIUC, no comunicado.
“Há algumas coisas que podemos aprender com domínios passados, como o vício e o comportamento inadequado nas redes sociais e nos jogos online.”