É preciso “abrir as janelas e deixar entrar ar puro porque há um grande cheiro a mofo na casa e o PS precisa de se oxigenar”, diz Adrião, que considera que a sua candidatura à liderança do PS “puxará o país para cima”. O candidato também abordou os problemas salariais e na habitação.
O candidato à liderança socialista Daniel Adrião defendeu que é preciso “deixar entrar ar puro” no PS porque “há um grande cheiro a mofo”, prometendo “dar vez e voz” aos militantes e construir um partido “de baixo para cima”.
Com o objetivo de construir uma “democracia plena”, Daniel Adrião apresentou este sábado a sua candidatura a secretário-geral do PS nos jardins da sede nacional do partido, uma corrida pela sucessão de António Costa na qual enfrenta o ex-ministro e deputado Pedro Nuno Santos e o ministro José Luís Carneiro.
“O país precisa de uma reforma profunda do sistema político-partidário. É hora de repensar o modo como operamos, de abrir as nossas portas a ideias frescas e a uma nova energia”, defendeu.
Para o recandidato que lidera deste 2016 uma sensibilidade minoritária nos órgãos nacionais do PS, é preciso “abrir as janelas e deixar entrar ar puro porque há um grande cheiro a mofo na casa e o PS precisa de se oxigenar”.
“Esta é uma candidatura que pretende dar vez e voz aos militantes do PS, feita de gente comum, mas com vontade de contribuir para a construção de uma democracia decente”, disse, assegurando que a sua candidatura “puxará o país para cima”.
Porque é tempo de focar as atenções não no Terreiro do Paço, mas “nos terreiros do povo”, Adrião quer “dar voz aos militantes de base” que considera serem a “voz da sociedade civil no partido” e “selo de garantia democrática”.
“É preciso empoderar os militantes e a base social de apoio do PS conferindo-lhes o poder de decisão na escolha de candidatos a titulares de cargos políticos, quer a nível autárquico quer nos candidatos à Assembleia da República”, afirmou, defendendo a separação “entre o aparelho de Estado e o aparelho do partido”.
Destacando a necessidade de uma reforma profunda do sistema eleitoral, o candidato a líder do PS alertou que os cidadãos portugueses não votam como a generalidade dos cidadãos europeus, porque em Portugal as listas são “fechadas e bloqueadas” e não permitem eleger diretamente os deputados.
“Os portugueses só têm direito a meio voto. O outro meio voto está nas mãos dos líderes dos partidos”, lamentou.
Mas como o país não se esgota na reforma eleitoral e na reforma do sistema político, Adrião elencou ainda a necessidade de responder à emergência na habitação e defendeu um pacto de regime neste setor que permita um “esforço consertado” do privado, público e cooperativo para um programa massivo de construção.
O candidato a secretário-geral do PS propõe ainda um novo paradigma para o desenvolvimento de Portugal, que é a nova forma do país pagar melhores salários e evitar a fuga de quadros qualificados.
Daniel Adrião recandidata-se ao cargo de secretário-geral do partido, depois de já o ter feito em 2016, 2018 e 2021, sempre contra António Costa.
Na sequência do último congresso do PS, que se realizou em Faro, no verão de 2021, a sensibilidade socialista liderada por Daniel Adrião elegeu 12% dos membros da Comissão Nacional e 15% da Comissão Política.
Adrião defende que o enriquecimento ilícito deve ser tratado como tal, argumentando a favor de “mecanismos legais e capacidade de intervenção” para limitar a evasão fiscal e promover um regime fiscal mais simples e transparente.
Entre as suas propostas estão a regulamentação da atividade de lobbying, tornar públicas as agendas dos políticos, monitorizar a idoneidade dos governantes, e aplicar sanções aos deputados incumpridores.
Adrião enfatiza a importância de promover uma cultura de serviço público, além de maior transparência e meritocracia na seleção de candidatos. O candidato crítico de Costa sugere ainda reforçar os poderes da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), limitar o uso abusivo dos regimes de substituição e aumentar a independência e capacidade de escrutínio das entidades de supervisão.
ZAP // Lusa