Tem milhares de aplicações práticas, e pode descongestionar a Internet em espaços públicos. Mas o Li-Fi ainda tem muito que aprender com o Wi-Fi no que toca ao alcance.
O Li-Fi é a abreviação de Light Fidelity, e é uma tecnologia de comunicação sem fios que utiliza a luz. Isso torna o Li-Fi mais rápido e confiável do que o Wi-Fi em diversas situações, mas tem suas limitações. Como funciona?
O professor do Instituto de Física da Unicamp Lázaro Padilha explica que o Li-Fi é uma tecnologia com semelhanças ao Wi-Fi. Porém, “o Wi-Fi baseia-se em transmissões por ondas de rádio e o Li-Fi por ondas de luz”.
Assim como nos comandos de televisão, o Li-Fi usa a luz para enviar e receber comandos. Mas de uma forma bem mais avançada.
O Li-Fi utiliza uma fonte de luz LED especial equipada, que é modulada, ou seja, que “liga e desliga” várias vezes em velocidades muito altas, quase impossíveis de acompanhar para o olho humano.
A modulação faz com que a intensidade da luz aumente e diminua, pelo que representa os dados digitais binários, compostos por zeros e uns. O dispositivo recetor precisa de um sensor de luz, que vai receber as variações de intensidade da luz e transformá-las em dados.
Porquê usar o Li-Fi?
O Li-Fi é uma alternativa ao Wi-Fi em locais onde as ondas de rádio podem sofrer interferências ou interferir no funcionamento de outros equipamentos. Porém, como a luz não consegue atravessar paredes, o seu uso torna-se limitado.
O professor do Instituto de Física da Universidade de Campinas, Newton Frateschi, explica que, em situações como debaixo de água ou em locais com possível interferência de ondas, o Li-Fi é uma ótima alternativa.
Por exemplo, na comunicação entre mergulhadores “porque a onda de rádio tem uma atividade grande de penetração, mas tem uma faixa de comprimento de onda até uma certa profundidade no oceano ou em rio”, conta Frateschi.
Ou seja, o Li-Fi é recomendado para situações onde há um ambiente controlado e com interferência mínima de obstáculos.
Como em salas de reunião, onde estão conectados todos os sistemas e computadores. Por ser um ambiente controlado, a transferência de dados por ondas de luz diminui drasticamente a possibilidade de violação de dados.
“Como ela é mais localizada, onde não escapa luz, não vai conseguir apanhar informação. A onda de rádio penetra a parede e vai embora, a luz não. Existe assim um lugar onde a iluminação está apenas ali dentro e que bloqueia-se, acabou. Então é muito mais segura”, afirma Frateschi.
Onde pode ser utilizado?
Veja algumas possíveis aplicações da tecnologia Li-Fi:
- Em sistemas de hospitais e cabines de avião, que são ambientes sensíveis a radiofrequência;
- Em locais com grandes aglomerações, como espetáculos e eventos desportivos em estádios, de forma a reduzir o congestionamento de rede Wi-Fi, que é comum nestes ambientes;
- Debaixo do mar, onde a luz chegar, já que ondas de rádio não se propagam tão bem na água;
- Postes de iluminação na rua, que poderiam fornecer conexão com a internet para além de iluminação;
- Em sistemas de segurança, já que ficam na sua maioria dentro de salas em escritórios empresariais ou governamentais, e como não haveria interferência de ondas de rádio externas, tornaria o sistema mais seguro.
O Li-Fi pode substituir o Wi-Fi?
Por enquanto é difícil pensar nessa possibilidade, já que o Li-Fi tem a limitação de não conseguir atravessar paredes.
Para que o Li-Fi substituísse o Wi-Fi, seria necessário uma comunicação sem obstáculos entre o router de internet e os computadores e telemóveis, por exemplo.
Numa casa, seria necessário um router em cada divisão para que a pessoa conseguisse utilizar a internet, já que a luz não atravessa paredes.
O Li-Fi pode-se tornar um complemento ao Wi-Fi e é útil em situações específicas, principalmente em ambientes fechados, mas, no uso quotidiano, é improvável.
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